O varejo cearense já começou os preparativos para os festejos natalinos com foco em produtos advindos da China, como no caso das árvores de Natal e dos enfeites de decoração para as residências, a exemplo dos Papais Noéis e pisca-piscas. Tais importações ocorrem desde o primeiro semestre para chegarem a tempo em Fortaleza.
Com um trajeto que pode demorar de 90 a 180 dias desde a produção até a chegada às lojas, é preciso que tudo seja encomendado com antecedência, segundo o presidente da empresa de logística JM Negócios Internacionais, Augusto Fernandes, o qual destaca que os conflitos pelo mundo também são considerados no planejamento.
“Com poucos navios em rota, alto custo do frete e as companhias marítimas reduzindo cada vez mais o espaço devido ao conflito na Rússia e Ucrânia e ao Canal de Suez (no Egito) altamente limitado, o Natal é planejado com bastante antecedência. Os desafios estão justamente em ter capital para antecipar tudo isso, porque tudo é pago à vista”, diz.
As empresas têm que lidar com impostos, fretes, armazenagem e os gastos da própria logística, considerando que o faturamento deverá vir entre seis a oito meses depois, somente no Natal. “Se o cliente deixar um container parado no ponto de armazenagem, isso gera custos adicionais. Assim, é importante que o cliente faça uma programação correta.”
Gerente de produtos na Freitas, Mário Azevedo destaca que a varejista iniciou as compras de Natal em março, na China, para que os produtos fossem embarcados entre maio e junho e chegassem ao Brasil entre agosto e setembro. “Já recebemos os produtos de Natal no nosso centro de distribuição e vamos distribuí-los para as lojas.”
Os estoques já estão em um nível acima do normal também na varejista Solar Móveis e Eletros, com mais de 50 lojas no Ceará. O gerente comercial e de operações, Ricardo Santos, explica que o planejamento visa fugir da alta de preços que ocorre no segundo semestre e garantir condições agressivas para o mercado no Natal.
Questionado sobre os preços dos produtos natalinos em 2024, Augusto afirma que é quase impossível não subirem em comparação ao último ano, considerando inflação, frete, dólar e carga tributária. O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL Fortaleza), Assis Cavalcante, não concorda com a alta de preços e aposta em uma estabilidade. “Os juros estão altos, mas, no ano passado, também estavam altos, então não há muita expectativa de subida ou baixa de preço. O que os comerciantes e lojistas fazem é uma parceria com o fornecedor.”
Essas parcerias envolvem descontos e prazos maiores para não haver repasses financeiros aos consumidores da Capital. Assis acrescenta, ainda, que a perspectiva é de que o varejo aumente suas vendas e seu faturamento entre 6% a 8% no período, considerando que já encontra-se aquecido atualmente, acima do ano passado, a depender da atividade.