Cólica, uma vilã que faz parte de grande parte das mulheres em idade reprodutiva. A reclamação quase sempre é a mesma: TPM. Mas, como cada organismo é diferente do outro, o correto é procurar um ginecologista para investigar o que está por trás de cólicas constantes e fora do comum, principalmente quando elas vêm acompanhadas de menstruação irregular.
Um dos motivos do combo cólica mais irregularidade da menstruação é a Síndrome dos Ovários Policísticos, também conhecida como SOP. Tal condição pode ocorrer por vários motivos, como alterações nos hormônios, obesidade, sedentarismo, entre outros, e pode implicar em sintomas diversos, como alterações menstruais, dificuldade para engravidar, oleosidade da pele, aumento de pelos no coro e rosto, tendência ao ganho de peso e a própria queda de cabelos.
Entretanto, quem tem a SOP não liga o assunto diretamente à queda de cabelos, erroneamente. A SOP ocorre principalmente em mulheres quem têm sensibilidade aos hormônios androgênios, os chamados hormônios masculinos, mas cuja presença também se dá no organismo feminino.
“Para terem queda capilar causada por esses hormônios não há a obrigatoriedade de termos alterações nos exames de sangue. Esta sensibilidade não implica em alterações hormonais, como muita gente acredita, mas em ter células que respondem mais ou menos à ação de tais hormônios. Somado a isso, é importante dizer que deve haver uma genética que predisponha à perda capilar, pois a queda mais comum na SOP é a calvície genética feminina, que também chamamos de alopecia androgenética”, explica o médico e tricologista Dr. Ademir Carvalho Leite Júnior.
SOP e queda dos cabelos
Quem está com sintomas de SOP e percebe a queda de cabelos não pode jamais deixar de mencionar isso na consulta, porque pode parecer um detalhe, mas é um sinal que ajuda o profissional a identificar a Síndrome, principalmente quando outros sinais são mais sutis, pouco perceptíveis ou de baixo incômodo. “Neste caso, a queda de cabelos é, de certa forma, algo positivo, assim como quando ocorre da queda capilar contribuir para o diagnóstico de uma anemia, um problema de tireoide ou outra doença ou deficiência do organismo feminino”, conta o profissional.
Mudança de hábitos
“As pessoas acreditam que o tratamento da SOP é exclusivamente feito através do uso de pílulas anticoncepcionais. Isso é uma inverdade, uma vez que as pílulas ajudam a corrigir apenas um espectro do problema, e não o problema em sua totalidade. Então, ao contrário do que se pensa, há muitas formas de tratar a SOP, a começar com a mudança de hábitos”, explica.
Por isso, para tratar a queda capilar feminina que teve origem na SOP, antes de mais nada é necessário seguir as orientações básicas que os médicos recomendam em qualquer tipo de consulta, como incluir atividades físicas na rotina e equilibrar a alimentação.
De acordo com o tricologista, essas duas ações, que não estão ligadas à medicação, já colaboram de forma intensa na melhora de um dos estados metabólicos mais importantes no desenvolvimento da SOP, a resistência à insulina. “A resistência das células ao hormônio insulina faz com que as células precisem de muita insulina para facilitar a entrada da glicose no interior das células. E glicose no interior das células gera energia celular, ou seja, a célula precisa dela para cumprir suas funções. Este esforço em produzir mais insulina acarreta muitas complicações e está dentro dos fatores desencadeantes primordiais da SOP. Por isso é tão importante a incorporação de bons hábitos”, pondera o médico.
Tratamento
Depois de incorporar hábitos saudáveis à rotina, é a hora de introduzir às pílulas ao tratamento, que podem ajudar a corrigir e prevenir outros problemas desencadeados pela SOP, como doenças do endométrio. “Dependendo da composição hormonal da pílula, o resultado também pode ser um melhor controle da oleosidade, acne, excesso de pelos e da própria queda de cabelo. Ao somar o uso da pílula com bons hábitos, os resultados são potencializados”.
Segundo Dr. Ademir, há ainda muitas outras ações e tratamentos para a SOP que podem se desdobrar em melhora no quadro da queda capilar, sendo que alguns exigem a atuação conjunta de um endócrino, um ginecologista e um profissional que cuida da saúde capilar do paciente, um tricologista. O trabalho em conjunto com esses três profissionais torna o tratamento mais eficaz e os resultados mais rápidos.
“Ter essa equipe de profissionais trabalhando com o apoio da paciente reforça a máxima de que, em muitos casos, precisamos colocar em prática o envolvimento de todos os interessados na correção do problema, paciente e equipe de saúde, para conseguir de forma mais efetiva a atingir bons resultados”, finaliza o tricologista.