Quando projetamos um profissional da área de tecnologia, a primeira imagem que vem à cabeça é de um jovem bastante antenado com as ferramentas atuais. No entanto, profissionais com anos de mercado de trabalho e que já passaram dos 40 também estão enxergando as profissões de tecnologia como caminho possível a seguir e uma saída para fugir do desemprego, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em pesquisa de 2019, 27,3% dos profissionais sem ocupação com mais de 40 anos procuram se recolocar há pelo menos dois anos.
O novo desenvolvedor Hector Paoletti, 41 anos, optou pela transição na carreira depois de 17 anos atuando na área de desenho industrial. O profissional realizou um bootcamp imersivo na Ironhack, escola global de tecnologia e após alguns meses saiu formado e já empregado na nova área.
“Dentro da proposta da escola, a velocidade e responsabilidade do aprendizado é baseada no interesse do aluno. Isso acaba exigindo um nível de planejamento mínimo antes de começar os exercícios, o que já é um aprendizado em si. No meu caso tive que destrinchar o conhecimento e por isso considerei o Bootcamp como a melhor opção por conseguir tirar dúvidas pontuais com a professora, o que ajuda no processo de construir essa base de conhecimento”, explica o aluno.
Mais do que oferecer a base teórica para a transição para o setor tecnológico, a Ironhack contribui ainda para estabelecer os seus estudantes dentro desse novo mercado.
Mercado busca experiência
A busca por parte das empresas de tecnologia por esses alunos recém-formados em cursos na área se justifica. Apontado como o 10º maior mercado de softwares no planeta, o Brasil lidera com larga folga o setor tecnológico na América Latina, sendo responsável por 40% da produtividade total na região. O resultado disso é que, segundo a Cortex, plataforma de inteligência de vendas B2B, o país conta atualmente com mais de 720 mil vagas disponíveis para o segmento de TI.
Segundo Alexandre Tibechrani, General Manager da Ironhack Americas, uma parcela considerável dessas vagas devem ser preenchidas por profissionais acima dos 40 anos. A explicação pela busca desse tipo de profissional se dá pela valorização da experiência e diversidade de pensamentos que são adicionados ao time com esse perfil de faixa etária, mesmo no caso dos que estejam numa fase de transição de área de atuação.
“A área de tecnologia sente uma carência de profissionais mais experientes e que possam trazer uma visão de mundo alternativa para a equipe. Obviamente que estes profissionais precisam apresentar o conhecimento técnico para atuar nesse mercado. No entanto, os recursos atuais de cursos e bootcamps já conseguem fazer com que o colaborador seja inserido nesse mercado de forma rápida e competente”, avalia o General Manager.
Ainda de acordo com o especialista, a expectativa é de que o movimento de desassociação da tecnologia como uma área voltada apenas para jovens traga mais maturidade e uma nova visão para o setor. “Acredito que a tendência é uma troca entre esses perfis. Enquanto os profissionais mais maduros já possuem uma caminhada e portanto sabem como se portar e comunicar da forma adequada no meio corporativo, os jovens trazem uma bagagem muito técnica. A combinação desses dois profissionais tende a criar um time mais forte e produtivo para a empresa que conseguir equilibrar esses perfis”, avalia Alexandre Tibechrani.