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Por que é desafiador desenvolver competências socioemocionais no ambiente escolar?

Por Helen Mavichian, psicoterapeuta especializada em crianças e adolescentes e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie

As competências socioemocionais, estão cada vez mais presentes nas atividades desenvolvidas por educadores e pedagogos no sistema de ensino em nosso país, mas ainda há muito a ser feito para que alcancem o patamar de desenvolvimento que realmente será valorizado pelo mercado de trabalho em que crianças e adolescentes estarão inseridas no futuro. 

Destacadas pelas diretrizes estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), essas habilidades têm ganhado ainda mais holofotes neste período pós-pandemia, em que crianças e adolescentes retomaram quase que totalmente o convívio social no ambiente escolar e questões como saúde mental passaram a ser mais discutidas. Com a volta desse convívio as competências socioemocionais são essenciais para um relacionamento saudável entre os pares.

Fazem parte das competências socioemocionais habilidades como:

  • Criatividade: capacidade de criar e desenvolver ideias e criações inovadoras;
  • Pensamento crítico: capacidade de aprender coisas novas pela observação crítica de informações que a criança se encontra ao longo de sua vida;
  • Comunicação: capacidade de escutar, compreender e passar informações de forma clara e eficiente;
  • Colaboração: capacidade de trabalhar em grupo, a fim de resolver problemas de forma prática, realizando atividades de maneira organizada;
  • Atenção plena: capacidade de se manter concentrado nas atividades, visualizando problemas sob variadas perspectivas;
  • Curiosidade: capacidade de explorar ideias, sede de aprender e compreender o mundo de diversas maneiras;
  • Coragem: capacidade de defender seu posicionamento mesmo que necessário confrontando os demais, sempre de maneira empática;
  • Resiliência: capacidade de lidar com desafios e mudanças sempre focando na possibilidade de aprendizado;
  • Ética: capacidade de tomar decisões baseado nos princípios morais;
  • Liderança: capacidade de se tornar uma voz que guia caminhos a serem explorados em conjunto;
  • Metacognição: capacidade de reconhecer suas habilidades, atitudes, valores, conhecimentos e aprendizagem, capacidade de estabelecer metas pessoais e se adaptar com base nos resultados alcançados;
  • Mentalidade de crescimento: capacidade de compreender que o esforço leva ao progresso e capacidade de crescer com os obstáculos.

A realidade é que, durante muito tempo, as escolas valorizaram o desenvolvimento cognitivo como sendo um dos principais conhecimentos do processo de ensino e aprendizagem, o que fez com que as instituições mais tradicionais prezassem a inteligência matemática, linguística e científica em detrimento das competências socioemocionais.

Para reverter esse cenário, torna-se necessário que todas essas capacidades listadas acima e que visam o desenvolvimento das dimensões comportamentais e relacionais dos indivíduos, sejam manifestadas por meio de todas as práticas pedagógicas apresentadas aos alunos. De acordo com a BNCC, as competências socioemocionais devem ser priorizadas em sala de aula pelos educadores para que o ensino acadêmico realmente prepare crianças e adolescentes para o futuro. Para isso, a rotina no ambiente escolar deve contemplar atividades que valorizem a atuação multidisciplinar e o exercício da escuta ativa, da cooperação e do respeito ao próximo. É uma mudança que permite aos educadores dar o respectivo valor à diversidade de saberes e às diferentes vivências culturais dos alunos.

Em outras palavras, é importante exercitar a empatia, o diálogo, a cooperação e a resolução de conflitos dentro do ambiente escolar, para que crianças e adolescentes consigam ter mais autonomia, responsabilidade e determinação, o que resultará em um olhar mais ético, democrático e inclusivo. Só assim passa a ser viável o desenvolvimento de habilidades como a de resolver conflitos de uma maneira mais adequada, por meio do respeito às diferenças tão presentes nos ambientes escolares. É também uma forma de incentivar o protagonismo e a autonomia nos estudos e na vida pessoal como um todo.

Mas para chegar nesse patamar de transformação, é essencial que os professores e os gestores escolares estejam realmente envolvidos no desenvolvimento das competências socioemocionais. Isso deve ser feito não apenas nas atividades escolares do dia a dia, mas também por meio de oficinas, palestras e outros eventos extracurriculares. Jogos e outras propostas lúdicas como música, teatro e escrita também favorecem o desenvolvimento dessas habilidades. 

Para desenvolver as competências socioemocionais no cotidiano escolar da melhor forma, é importante ser bem criterioso, inclusive durante o processo de escolha dos materiais didáticos que serão utilizados pelos alunos. É essencial que seja priorizado o uso de versões atualizadas e coerentes com as competências socioemocionais que se deseja aprimorar.

O ambiente escolar também deve ser observado, pois, para garantir o bom convívio entre os alunos e promover a integração da diversidade no ambiente de ensino, ele precisa ser acolhedor. Os espaços em que os alunos praticam suas atividades devem favorecer a escuta e a harmonia, para que todos se sintam à vontade para formar vínculos e fazer amizades. Cabe aos professores, que estão em contato direto com os estudantes em sala de aula, também garantir um ambiente saudável e adequado ao processo de aprendizagem.

Outro ponto de atenção é que as aulas sejam planejadas com antecedência de forma que as competências socioemocionais como o autoconhecimento e a empatia permeiem todas as atividades e não somente algumas de forma isolada. Só assim o conhecimento cognitivo contribuirá de fato com o desenvolvimento emocional e formará uma geração de cidadãos mais conscientes e responsáveis socialmente.

O ideal é que os líderes educacionais se organizem o quanto antes para transformar a prática pedagógica, rumo a ações mais significativas, inclusivas e democráticas. Para isso, todos os educadores precisam realmente reconhecer que essas práticas educativas trazem benefícios reais para a formação acadêmica e o futuro profissional das nossas crianças e adolescentes. Não é uma transformação que acontecerá de uma hora para a outra, mas é uma evolução que será conquistada aos poucos e requer o empenho de toda a sociedade.

By Jordan Vall

É Jornalista, com uma maior atuação na cultura e entretenimento. Deu início a sua carreira na televisão na TV Unifor, como produtor, repórter e apresentador do principal jornal da emissora universitária. O profissional já foi produtor e comentarista de um quadro do Programa Matina, na TV União. No “Deu O Que Falar”, quadro semanal da emissora aberta, comentava sobre o mundo dos famosos, levava pautas relevantes para a sociedade, através das notícias das celebridades. Foi durante 2 anos, produtor, diretor e repórter na TV Otimista e atualmente é assessor de comunicação, CEO na Assertiva Comunicação e Colunista do Portal Conexão Magazine (Portal de Notícias no Rio de Janeiro). Como amante da moda, foi convidado para ser jurado da 6ª edição do Salão de Moda Ceará. Além de todas essas atuações, Jordan é CEO/Fundador e repórter no In Fluxo Portal, tratando de pautas culturais, cobertura de eventos e muito mais. O profissional também atua como modelo e influenciador digital. Instagram: @jordan_vall / contato comercial: jordanvall@influxoportal.com

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