Por Dr. Bianor Caroso – Fisioterapeuta
Você já ouviu falar sobre pompoarismo masculino? Embora o termo ainda cause surpresa para muitos, essa prática milenar, agora aliada à fisioterapia pélvica, está revolucionando o cuidado com a saúde íntima do homem – e vai muito além da sexualidade.
Tradicionalmente associada às mulheres, a técnica do pompoarismo consiste em exercícios que fortalecem os músculos do assoalho pélvico. No universo masculino, ela ganha uma nova roupagem: o “novo pompoarismo” envolve um conjunto de estratégias fisioterapêuticas modernas que desenvolvem força, resistência, controle motor e consciência corporal, promovendo ganhos significativos no desempenho sexual, saúde anorretal e qualidade de vida.
Por que fortalecer o assoalho pélvico?
Essa musculatura, muitas vezes negligenciada, é responsável por funções essenciais como o controle da ereção, ejaculação, orgasmo, evacuação e até mesmo o suporte dos órgãos pélvicos. Um trabalho bem conduzido sobre esse grupo muscular pode minimizar dores, disfunções e melhorar a performance sexual.
Com acompanhamento de um fisioterapeuta especializado, o paciente aprende a executar os exercícios corretamente, em sessões geralmente iniciadas com duas vezes por semana. A evolução é individual e, com o tempo, os exercícios podem ser realizados de forma autônoma, em qualquer ambiente.
Como funciona o tratamento?
A abordagem fisioterapêutica é completa e vai muito além de simples contrações musculares. Envolve:
- Exercícios ativos e funcionais
- Eletroestimulação para potencializar a resposta neuromuscular
- Neuromodulação e liberação miofascial
- Orientações de estilo de vida e autocuidado em casa
Entre os benefícios, destacam-se:
- Melhora da qualidade da ereção
- Aumento do controle da ejaculação
- Potencialização do orgasmo
- Tratamento de constipação, incontinência fecal, fissuras anais e hemorróidas
- Preparo para prática segura do sexo anal
Sexo anal e saúde anorretal: quebrando tabus com informação
Outro campo em que a fisioterapia pélvica vem ganhando destaque é na prática consciente e segura do sexo anal. Um dos principais obstáculos relatados é a anodispareunia – dor durante a penetração anal. A causa pode estar em tensões musculares, fissuras, hemorroidas ou mesmo fatores emocionais e falta de lubrificação.
O tratamento pode incluir:
- Preparação com técnicas de liberação manual
- Uso gradual de dilatadores (como plugs ou dildos) de forma progressiva e segura
- Estímulos com lubrificantes à base de água (evitando sempre anestésicos locais)
- Educação quanto à higiene, cuidado com a flora intestinal e dicas nutricionais que evitam a necessidade de duchas frequentes
Importante: a introdução de objetos ou brinquedos deve ser sempre feita com muito cuidado, respeito, estímulo e consentimento, nunca utilizando materiais não indicados ou improvisados.
Hipertonia do esfíncter anal: quando o músculo trava
Pessoas que sofrem com dores constantes na região anal – mesmo sem relação com o sexo anal – podem estar enfrentando um quadro de hipertonia do esfíncter. Trata-se de uma contração involuntária e excessiva, que gera dor, fissuras repetidas e dificuldade para evacuar.
Mas há esperança. Muitos pacientes relatam alívio já nas primeiras sessões de fisioterapia, com técnicas específicas que tratam os pontos de tensão e restauram o equilíbrio da região.
O cuidado vai além da técnica
O trabalho da fisioterapia pélvica vai além da musculatura. Ele toca o emocional, a autoestima e o bem-estar de cada paciente. Manobras manuais, eletroterapia, neuromodulação, exercícios em casa e mudanças no estilo de vida fazem parte do processo.
A prioridade? Sempre o bem-estar, conforto e segurança do paciente