O choro foi criado a partir da mistura de elementos das danças de salão europeias, da música popular portuguesa e mais influências da música africana. Ele surgiu no Rio de Janeiro, por volta do final do século XIX. Suas principais características são a forma rondó, presença de compasso binário e um fraseado peculiar. Com o intuito de prestigiar esse gênero da música brasileira, o bar Paraíba Raiz, no bairro Benfica, apresenta todas as terças, a partor das 19h, a Noite do Chorinho com o músico Pedro Madeira e convidados, opção para quem gosta de apreciar a boa música instrumental em Fortaleza.
“Comecei a tocar em todas de violão no colégio, até que conheci o mestre Tarcísio Sardinha, que me deu meu primeiro bandolim e me aproximou da cena musical local. Daí passei a tocar na noite de Fortaleza”, se apresentou Pedro. O repertório passa pelos clássicos e mistura com temas diversos. Pedro toca na companhia de Lucas Bessa no 7 cordas e Teco do Pandeiro para animar as terças da Praça da Gentilândia, onde fica o Paraiba Raiz.
“O chorinho está no DNA do brasileiro. É muito legal como agrada a vários públicos, faixas de idade, pessoas que gostam de outros tipos de músicas também gostam de chorinho. Assim é o Benfica, um bairro bem diverso que abriga várias tribos”, afirmou Pedro, que já realiza o projeto no Paraíba há mais de um mês e ven atraindo grande público.
“Nós procuramos trazer grandes artistas da música brasileira no repertório, como Pixinguinha, mas colocamos versões de forró também. Essa minha pesquisa de chorinho eu faço através da Orquestra Popular do Nordeste, que já existe há alguns anos. Trazemos a música brasileira, nordestina, como foco de estudos, e já publicamos três livros com obras do Tarcísio Sardinha, Macaúba do Bandolim e Carlinhos Patriolino”, completou Pedro Madeira, divulgando seu trabalho.
HISTÓRIA DO CHORO
O choro é um dos mais originais estilos de música, principalmente instrumental, cuja origem remonta o século XIX. Nascido no Rio de Janeiro, o choro ganhou forte expressão nacional, tornando-se um símbolo da cultura brasileira.
Diz-se que o “pai do choro” foi Joaquim Callado Jr., um exímio flautista mulato que organizou, na década de 1870, um grupo de músicos com o nome de “Choro do Callado”. Os historiadores concordam, em geral, que o chorinho brasileiro é um estilo peculiar de interpretar diversos gêneros musicais. No século XIX, muitos gêneros europeus como a polca, a valsa, o schottisches, a quadrilha, entre outros, eram tocados pelos chorões de maneira original. Desse estilo de tocar consolidou-se o “gênero” do choro.
Podemos dizer que a história do Choro começa em 1808, ano em que a Família Real portuguesa chegou ao Brasil. Depois de ser promulgada capital do `Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves, o Rio de Janeiro passou por uma reforma urbana e cultural, quando foram criados muitos cargos públicos. Com a corte portuguesa vieram instrumentos de origem européia como o piano, clarinete, violão, saxofone, bandolim e cavaquinho e também músicas de dança de salão européias, como a valsa, quadrilha, mazurca, modinha, minueto, xote e, principalmente, a polca, que viraram moda nos bailes daquela época.
A reforma urbana, os instrumentos e as músicas estrangeiras, juntamente com a abolição do tráfico de escravos no Brasil em 1850, podem ser considerados uma “receita” para o surgimento do Choro, já que possibilitou a emergência de uma nova classe social nos subúrbios do Rio de Janeiro, a classe média, composta por funcionários públicos, instrumentistas de bandas militares e pequenos comerciantes, geralmente de origem negra.
Existe controvérsia entre os pesquisadores sobre a origem da palavra “choro”, porém essa palavra pode significar várias coisas. Choro pode derivar da maneira chorosa de se tocar as músicas estrangeiras no final do século XIX e os que a apreciavam passaram a chamá-la de música de fazer chorar. Daí o termo Choro. O próprio conjunto de choro passou a ser denominado como tal, por exemplo, “Choro do Calado”.
O termo pode também derivar de “xolo”, um tipo de baile que reunia os escravos das fazendas, expressão que, por confusão com a parônima portuguesa, passou a ser conhecida como “xoro” e finalmente, na cidade, a expressão começou a ser grafada com “ch”. Outros defendem, ainda, que a origem do termo é devido à sensação de melancolia transmitida pelas “baixarias” do violão.
São inúmeros os compositores e intérpretes do choro. Alguns entretanto merecem destaque. Os chorões do passado que estão presentes em nossa memória, por nos legarem uma obra maravilhosa são: Joaquim Callado, Anacleto de Medeiros, Ernesto Nazareth, Patápio Silva, João Pernambuco, Pixinguinha, Luís Americano, Villa-Lobos, Radamés Gnattali, Waldir Azevedo e Jacob do Bandolim.
SERVIÇO
PARAIBA RAIZ
Endereço: Rua Paulino Nogueira, 96 – Benfica, Fortaleza – CE
Horários de Funcionamento: Segunda a quinta, das 17h às 00h, sexta a domingo, das 17h às 01h.
Contato: (85) 98942-8998
Instagram: paraiba.raiz