Novos termos e expressões surgem constantemente, especialmente influenciados pela tecnologia e pela internet. Para entender melhor o fenômeno das modificações no nosso vocabulário, Sandra Bessa, professora de Letras do Centro Universitário de Brasília (CEUB), destaca os usos e motivações da liquidez da linguística na atualidade. Segundo ela, é fundamental entender que a língua muda e responde a diferentes demandas de comunicação.
Sandra explica que a tecnologia e a internet possuem grande influência na criação de novos termos na língua portuguesa, especialmente no uso de estrangeirismos que vão sendo aportuguesados pelos usuários, a exemplo de palavras como ‘twittar’, ‘clicar’, ‘postar’, ‘scanear’, ‘googlar’, ‘logar’, ‘rackear’ e ‘deletar’. Originalmente em inglês, esses termos foram adaptados, refletindo a influência global e o uso de novas palavras para descrever ações antes não existentes.
Exemplo de palavra incorporada recentemente ao vocabulário é o substantivo “deboísmo”, que remete à expressão “ficar de boa”. Outra palavra é “sororidade”, que se refere à empatia entre mulheres. Como espaços de interação e comunicação de massa onde todos se comunicam livremente, as redes sociais refletem escolhas linguísticas dos diferentes grupos sociais a que dão voz: “Esse ambiente democrático permite que novas palavras se espalhem e ganhem aceitação”.
Outro fator predominante para a evolução do vocabulário é a forma de comunicação feita pelas novas gerações, que não se preocupam tanto com as convenções, inclusive com a interação nas redes sociais. “Eles querem se comunicar da melhor forma entre si e não estão preocupados com as regras ou limitações impostas no momento da enunciação. Portanto, os jovens protagonizam esse processo de evolução da língua, trazendo inovação e frescor ao vocabulário.”
Para ensinar a dinâmica dos fenômenos linguísticos, a especialista em Letras recomenda que os professores de português abordem a introdução das novas palavras com muita naturalidade, pois a língua é dinâmica e atende às necessidades e demandas sociais de uso. “A aceitação e explicação desses termos em sala de aula ajudam os alunos a compreenderem a evolução linguística e a usarem a linguagem de maneira mais eficiente e atual, adequando-a aos diferentes contextos.”
Segundo a professora, ensinar uma língua em constante evolução é um desafio positivo, pois o professor de língua portuguesa precisa estar antenado com as atualizações da língua, percebendo a riqueza de sua variedade e dinamicidade. “Essa flexibilidade e abertura para o novo são essenciais para acompanhar as transformações culturais e sociais.
Reverberar a liberdade de se expressar da melhor forma possível é sinal de abertura ao mundo e sua capacidade de transformação”, acrescenta Sandra.