Rebeca Andrade acompanha pontuação na final do solo em Paris — Foto: Hannah Mckay/Reuters
Recentemente, durante os Jogos Olímpicos de Verão 2024, um episódio envolvendo Rebeca Andrade, a maior medalhista olímpica da história do Brasil, chamou a atenção do público. A atleta se tornou um “meme” ao tentar enxergar suas notas durante as provas, revelando que, apesar da alta performance, enfrenta desafios visuais.
Rebeca, que possui mais de 2 graus de miopia e astigmatismo, opta por não usar lentes corretivas durante suas apresentações. Essa escolha gerou questionamentos sobre como ela consegue competir em alto nível e quais os impactos da miopia e astigmatismo na prática esportiva. Em entrevista, a atleta compartilhou que confia em seus instintos, já que não utiliza óculos ou lentes por medo de que o pó de magnésio, usado para melhorar a aderência, possa irritar seus olhos. “Podem me atrapalhar ainda mais. Não enxergo. Vou no feeling”, comenta.
Para entender melhor essas condições visuais, o Dr. Giuliano Veras, especialista em oftalmologia, explica que tanto a miopia quanto o astigmatismo podem impactar negativamente o equilíbrio e a precisão dos movimentos de atletas, sendo que esses são alguns dos fatores essenciais para um bom desempenho. O médico ressalta que, em atividades que exigem movimentos contínuos e repetitivos, como a ginástica, as lentes de contato podem se deslocar, o que demanda uma avaliação cuidadosa de cada caso para determinar a melhor abordagem.
“Na ginástica, por exemplo, os movimentos rápidos e acrobáticos podem deslocar as lentes, levando a um desconforto e talvez um deslize, uma ação instantânea que pode atrapalhar. Além disso, a diminuição da produção lacrimal pode aumentar o risco de infecções, especialmente em condições de higiene inadequadas, já que o suor pode causar irritação”, alerta o especialista.
Diante dessas considerações, ele sugere que uma alternativa mais permanente, podem ser as cirurgias refrativas (por exemplo, LASIK e PRK), uma vez que é uma opção viável para muitos. Contudo, Giuliano enfatiza a importância de discutir os riscos e o tempo de recuperação envolvida nessas intervenções com um profissional de saúde ocular
Nesse sentido, a experiência de Rebeca Andrade não apenas evidencia as dificuldades enfrentadas por atletas com problemas de visão, mas também destaca a necessidade de discutir mais sobre a saúde dos olhos, tanto no esporte quanto na vida cotidiana. A conscientização sobre miopia e astigmatismo pode ajudar a melhorar a qualidade de vida e o desempenho de muitos, sejam eles atletas ou não.