Em meados de 2020, o universo digital começou a integrar o mercado imobiliário, uma vez que, nesta época, iniciaram-se as negociações virtuais de imóveis, sejam elas por meio de videochamadas, tour virtuais, uso de drones e até mesmo da realidade aumentada. Hoje em dia, porém, a realidade é cada vez mais tecnológica e, porque não dizer, futurista.
Prova disso é que hoje em dia há muito mais imóveis no campo digital, inclusive negociam-se terrenos em espaços virtuais — e é justamente aí que entra o que chamamos de metaverso. Embora pareça estranho para muitas pessoas, e distante da realidade de muitas outras, o metaverso é uma realidade cada vez mais atingível.
Segundo estudo conduzido pela Bloomberg Intelligence, o mercado digital apresenta uma oportunidade de negociação que pode atingir a impressionante marca de 800 bilhões de dólares. Interessante, não? Este universo tornou-se mais relevante com a migração da marca Facebook para Meta, uma alusão à nova realidade virtual.
Como o metaverso chegou ao mercado imobiliário?
O metaverso representa um espaço virtual sem limites, dotado de possibilidades que vão desde a compra de terrenos, obras de arte, roupas, entre outros produtos de importantes marcas de luxo. Via de regra, as oportunidades são ilimitadas, além de qualquer indivíduo ser totalmente capaz de fazer parte.
Embora o investimento de alguns milhões de dólares em terrenos disponíveis apenas em mídias digitais seja uma ideia despropositada, essa é uma situação bastante real e válida. Neste ano, por exemplo, a Republic Realm, empresa com sede em Nova York adquiriu terrenos virtuais através da “The Sand Box”, plataforma de realidade virtual, por cerca de 4 milhões de dólares.
A Tokens.com, companhia especializada em criptomoedas é outro exemplo, por sediar a primeira semana de moda virtual através do Decentraland, um jogo virtual cujo mundo é totalmente descentralizado, em que as pessoas podem criar coisas em propriedades da companhia canadense, negociadas por cerca de 2,4 milhões de dólares.
Outro exemplo real do metaverso, diferente das negociações comerciais e a participação em eventos digitais, é a possibilidade de pessoas interessadas realizarem serviços consulares virtualmente na embaixada de Barbados, ilha situada no Caribe Oriental.
Portanto, para além de investir em compras de terrenos ou construção de casas digitais, os usuários podem construir, no metaverso, diferentes coisas, desde a compra de utensílios domésticos até mesmo roupas e acessórios para os avatares. Sendo assim, a participação do mercado imobiliário representa uma pequena parcela desse movimento.
Novidades do metaverso no mercado imobiliário
Antes de o mercado imobiliário fazer parte do cenário digital, por meio do metaverso, a plataforma NonFungible.com identificou, em 2021, mais de 300 milhões de negociações em vendas de NFT — que nada mais são do que certificados digitais estabelecidos através de blockchains, responsáveis por certificar a originalidade e exclusividade de ativos virtuais.
Outra informação importante dá conta de que até ¼ deste valor negociado foi direcionado à aquisição de terrenos no campo virtual. Com valores astronômicos, as propriedades digitais são uma oportunidade para que inúmeras grifes de diferentes setores possam ter um maior portfólio de investimentos, experiências, NFTs e até mesmo de realidade aumentada, sobretudo no setor da construção civil, com a desburocratização da compra e venda de imóveis.
Evidentemente, o metaverso é ainda uma novidade, logo, está apenas dando seus primeiros passos. Assim, as pessoas e empresas caminham para o entendimento do que se trata o mercado. Porém, como vimos, pode-se resumir o metaverso como um tipo de experiência nova. Afinal, ele consiste em transações realizadas em um ambiente virtual, no qual se pode aprender, comunicar e até mesmo trabalhar o networking.
Metaverso no mercado imobiliário brasileiro
No Brasil, a Roca Brasil Cerâmicas foi uma das primeiras empresas a se aventurar no metaverso. Em janeiro de 2022, a companhia apresentou o seu lançamento de produtos para banheiro, cozinha e área de serviço, com cores e texturas reais. Além da apresentação dos itens, a empresa também ofereceu, em um ambiente digital, aulas de gastronomia, encontros com especialistas em diferentes áreas, entre outras atividades.
Importante mencionar que tanto o metaverso quanto a aquisição de NFTs podem ser o ingresso para entrada a um universo totalmente novo, repleto de experiências exclusivas, seja no mundo digital ou físico. Na prática, ao lançar um imóvel no metaverso, por exemplo, nada impede que as incorporadoras ofereçam benefícios aos consumidores, como participar de palestras ou degustar bons vinhos.
O encanto sobre as possibilidades do metaverso é tão grande que existe, inclusive, uma imobiliária especializada neste universo virtual. Trata-se da Metaverse Property, que já até mesmo iniciou a venda de imóveis (terrenos) no metaverso, cuja soma das negociações ultrapassa a casa dos 2 milhões de dólares.
Desburocratização de processos
Como destacamos anteriormente, o metaverso também é uma oportunidade para que os processos de negociação de imóveis sejam desburocratizados por meio do blockchain. Junto com o metaverso, ambas as tecnologias acabam mitigando intermediários em contratos, o que possibilita a venda direta de ativos.
Assim, não se trata apenas de um mecanismo para comprar e vender imóveis — e oferecer as melhores experiências para os usuários. Ademais, o NFT está além de algo especulativo, não se tratando somente de obras digitais que se valorizam e geram rendimentos exorbitantes, mas também possibilitam o estabelecimento de contratos inteligentes, feitos pela própria rede blockchain e, portanto, não demandam a participação de intermediários.
A Housi, startup de moradia por assinatura, os compradores podem investir através de negociações virtuais, adquirindo, à distância, unidades da companhia, por intermédio do chamado “cashback token”. Em termos simples, o interessado em um imóvel recebe parte do valor em token, em uma carteira digital.
Consequentemente, esses tokens produzem renda mensal que abate a despesa gerada pelas taxas condominiais. Portanto, você basicamente está comprando um imóvel com cujo condomínio é mais acessível, podendo até mesmo quase chegar a zero. Consequentemente, isso gera uma maior rentabilidade para o investidor, tornando-se um diferencial atrativo muito interessante.
Pouco a pouco o metaverso vem abrindo espaço no mercado imobiliário, sem mencionar as possibilidades de atuação nos mais variados setores. Por meio da criatividade, pode-se estabelecer maquetes fundamentadas no metaverso, possibilitando operações com criptomoedas, além de garantir também vantagens físicas exclusivas, e é por isso que o metaverso está se consolidando cada vez mais.
Sacha Myrna, empresária da corretora de imóveis da XM2 – X Metros Quadrados Soluções Imobiliárias,