Jovens de Fortaleza encontram no Coletivo Transcende oportunidade de mudança de nome social, trabalho e renda – Foto: Divulgação
Nesta sexta-feira, dia 28 de junho, é o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+. No entanto, o mês todo é marcado por ações de conscientização sobre a importância do combate à LGBTFobia visando uma sociedade livre de preconceitos, bem como de atos públicos de reinvindicações por direitos e cidadania por parte desta comunidade.
O Ceará, que ocupa o 1º lugar no Nordeste e 3º no Brasil em assassinatos de pessoas trans (Dossiê Antra 2023), recebe uma iniciativa para promover a inclusão e proteção dessa população. O Coletivo Transcende, criado em 2023 pelo Instituto João Carlos Paes Mendonça de Compromisso Social (IJCPM) no RioMar Fortaleza, oferece acolhimento psicológico, capacitação profissional, promoção de saúde, cidadania e empregabilidade, fomentando uma cultura de respeito e valorização da diversidade nas empresas da capital cearense.
A coordenadora de Empregabilidade do IJCPM em Fortaleza, Kássia Sales, explica que o papel do Instituto nessa área vai além da promoção de capacitações e mentoria profissional para travestis e transsexuais, fazendo também a sensibilização das empresas sobre a importância do tema. “A inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho traz ganhos para todas as partes, pois fortalecendo a diversidade, quem emprega tem um ambiente produtivo muito mais inovador e criatividade; já o empoderamento econômico de travestis e transexuais no exercício de uma profissão demonstra o quanto esse grupo pode contribuir para economia do país”, destaca.
O jovem Gabriel Moreira, de 18 anos, faz parte do Coletivo Transcende e acaba de ingressar no curso de Gestão de Pessoas, em uma faculdade particular de Fortaleza, através do Programa Universidade para Todos (Prouni). Após concluir cursos de qualificação profissional e inglês oferecidos gratuitamente pelo IJCPM, ele começou a atuar como Jovem Aprendiz no próprio Instituto. “Já havia feito diversas entrevistas de emprego sem sucesso, onde para tentar ser aceito fingia ser quem eu não sou, inclusive informando meu nome morto feminino. O Coletivo Transcende me ajudou no processo de autoconhecimento e fortalecimento da autoestima”, relata.
Gabriel mora com a tia no bairro de Ellery. “Iniciei minha transição de gênero aos 15 anos e agora aos 18 consegui fazer minha mudança de nome. Apesar de minha tia, que me criou como uma mãe, ter quase 80 anos e ser de uma geração mais conservadora, com muito diálogo ela entendeu minha decisão e me aceita com carinho”, conta.
Além da inserção no mercado de trabalho, o IJCPM também incentiva o empreendedorismo, com oferecimento de cursos e oficinas que orientam sobre a abertura do próprio negócio. Foi o caminho que a jovem trans Lorrana Luz, 18 anos, optou como fonte de renda. “Através da formação oferecida pelo Instituto pude aprimorar técnicas de tranças e investir na minha profissão”, conta a Lorrana, que também faz parte do Coletivo Transcende.
Outra iniciativa é a Loja feira LGBT, localizada no piso L2 do Rio Kennedy, que reúne 10 marcas de pessoas empreendedoras da comunidade LGBTQIA+, em um espaço oferecido sem custo, com grande visibilidade e movimentação de clientes.
As iniciativas para fortalecimento econômico dessa minoria representativa garantiram ao IJCPM um assento no Comitê Estadual de Empregabilidade e Empreendedorismo LGBTQIA+, criado pelo Governo do Ceará para discutir ações de combate à discriminação e para implementação de políticas inclusivas para esse público, reunindo entidades públicas, privadas e terceiro setor.
SOBRE O IJCPM
O Instituto João Carlos Paes Mendonça de Compromisso Social atua para o desenvolvimento intelectual e profissional de jovens de 14 a 24 anos, moradores de comunidades do entorno dos empreendimentos do Grupo JCPM, com seis unidades distribuídas em quatro capitais do Nordeste: Aracaju, Fortaleza, Recife e Salvador. Desde 2009, quando foi criado, já foram atendidas mais de 67 mil pessoas, com ações focadas em elevação de escolaridade, empregabilidade, inclusão e diversidade, formação cidadã, mundo digital e saúde e bem-estar.