Junho é o Mês do Orgulho LGBTQIA+, um período marcado por manifestações, celebrações e visibilidade, mas que também exige reflexões profundas sobre os desafios que essa população ainda enfrenta — especialmente quando o assunto é saúde mental. A exclusão, o preconceito e a violência têm impacto direto no bem-estar psíquico de pessoas LGBTQIA+, e o acolhimento psicológico se mostra uma ferramenta fundamental de cuidado e resistência.
De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Brasil de Fato, 45% dos brasileiros ainda assumem ter preconceito contra pessoas LGBTQIA+, e mais de 60% acreditam que essa população enfrenta desvantagens em áreas como educação e oportunidades de trabalho. Esses dados evidenciam a persistência da exclusão social e a necessidade urgente de redes de suporte, que envolvam também os profissionais da saúde mental.
A psicóloga Viviane Nascimento reforça que o acolhimento terapêutico precisa ser feito com sensibilidade e preparo técnico. “A vivência LGBTQIA+ é marcada por múltiplas violências, que vão da rejeição familiar ao apagamento da identidade. Na clínica, é essencial que a pessoa se sinta ouvida, respeitada e validada. A terapia é esse espaço de reconstrução, pertencimento e cuidado com a subjetividade”, explica.
Segundo o The Trevor Project, organização de saúde mental voltada para jovens LGBTQIA+ nos Estados Unidos, aqueles que têm apoio da família são 50% menos propensos a tentarem suicídio. O dado reforça o peso das redes de afeto — e o papel dos psicólogos na criação de um espaço seguro e transformador.
Para Viviane, o Mês do Orgulho também é um chamado à responsabilidade social. “Não se trata apenas de aceitar. É preciso compreender, acolher e respeitar — na vida, nas instituições, nas políticas públicas e nos consultórios. O cuidado em saúde mental só é completo quando reconhece as especificidades de cada identidade.”