Apesar de ser uma enfermidade que atinge milhares de mulheres, a endometriose ainda é motivo para desinformação entre a população feminina. De acordo com dados da Associação Brasileira de Endometriose, 10 a 15% das mulheres em idade fértil (entre 13 a 45 anos) estão com endometriose, o que representa cerca de seis milhões de pacientes nessa condição.
Abordado como um tabu por se envolver diretamente com a fertilidade e a saúde reprodutiva, algumas celebridades como Anitta, Tatá Werneck, Larissa Manoela, entre outros nomes famosos, já falaram sobre o assunto de forma educativa. “É de extrema importância esse tema estar na mídia, sendo falado por mulheres influentes para alertar sobre esse distúrbio, que, por vezes, é silencioso”, afirma o médico ginecologista e especialista em reprodução humana, Marcelo Cavalcante.
Neste mês, o Março Amarelo chama atenção para a condição que pode ter sequelas profundas e deixar até 30% das mulheres inférteis.
Sintomas de atenção
O principal sintoma é a dor. Esse é o maior sinal que o corpo pode mandar para a mulher de que algo não está certo. “Cólicas menstruais são comuns, mas quando passam a ser crônicas deixam de ser normais e passam, sim, a ser um dos maiores sintomas de atenção para um possível diagnóstico de endometriose”, afirma Cavalcante. Neste quesito, cerca de 70% das mulheres apresentam dor pélvica crônica.
Por outro lado, também há mulheres assintomáticas que precisam ter mais atenção a detalhes. Outros fatores devem ser considerados, como alterações intestinais ou urinárias durante a menstruação; dor durante as relações sexuais; fadiga crônica e exaustão.
O diagnóstico em caso de suspeita é feito por meio de exame físico, ultrassom endovaginal especializado, ressonância nuclear magnética e exame ginecológico. A visita regular ao médico ginecologista também se mostra eficaz no diagnóstico precoce.
Tratamento
Mesmo sem haver uma causa certa para o surgimento da endometriose, as mulheres possuem duas alternativas principais de tratamento: medicamentos ou cirurgia.
“É importante ter algo em mente: a endometriose ainda é uma doença sem cura, mas que pode ser tratada e seu convívio com ela ser pacífico. Para isso ela precisa ser detectada logo no início. Infelizmente, o tempo médio entre sintomas e diagnóstico ainda é de sete anos, podendo se estender até os 10 anos de espera. Assim, a visita ao médico deve ser rotineira e o relato de qualquer situação atípica deve ser alertado”, esclarece o especialista.
Para as mulheres que sofrem com a condição e já se encontram inférteis, alguns tratamentos podem ajudar, como a fertilização in vitro (FIV). Porém, a consulta com um especialista em reprodução também deve ser feita em conjunto para decidir o melhor tratamento.
Para as mulheres com diagnóstico de endometriose, mas que não desejam engravidar no momento, deve-se avaliar o congelamento de óvulos, como forma de preservar a fertilidade, já que a endometriose pode reduzir a reserva ovariana.
Sobre o dr. Marcelo Cavalcante
Médico ginecologista especialista em reprodução humana, graduado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com residência médica na Universidade de Campinas e especialização em Imunologia da Reprodução na Rosalind Franklin University, em Chicago (EUA). Possui doutorado em Ciências Médicas pela UFC e pós-doutorado na University of Central Florida, de Orlando (EUA). Atualmente é sócio da clínica Conceptus, que atua no estado há 24 anos. É, ainda, Professor Adjunto da Universidade de Fortaleza e Coordenador da Pós-Graduação em Reprodução Assistida da CETRUS-Recife (PE). Recentemente assumiu a direção científica da Rede Geare, maior cadeia de reprodução assistida do Norte e Nordeste e foi classificado no ranking internacional AD Scientific