Dono de sonoridades peculiares e imediatamente reconhecíveis pelo público, Manassés, violonista, violeiro, compositor, cantor, arranjador, produtor musical, um dos mais consagrados artistas da cena do Ceará para o Brasil, retorna a Fortaleza para show na sexta-feira, 17/11, às 20h, no Centro Cultural Banco do Nordeste Fortaleza (Rua Conde D´Eu, 560, Centro), com entrada franca.
O artista mostrará seu novo espetáculo, um show solo, apresentado pela primeira vez na capital cearense. Com direito também a Manassés cantando suas composições e contando histórias dos mais de 55 anos de carreira, em atmosfera leve e com interação com a plateia, fruto de um diálogo praticado em muitas lives ao longo da pandemia, em que o artista compartilhou recordações que deseja que em um futuro breve façam parte de um livro.
“Tenho feito esse show há cerca de um ano, e tem funcionado muito bem. É um prazer voltar a Fortaleza e poder reencontrar o público, agora mostrando esse novo show, em um formato diferente e com um repertório tanto de composições próprios que foram marcos na minha carreira quanto de novas criações”, ressalta Manassés.
O consagrado violonista também participou, no dia 14/11, da I Serenata Cultural de Maranguape, um evento produzido pelo município para relembrar as antigas serenatas, frequentes na cidade em décadas passadas. O irmão mais velho do artista, Moisés Lourenço, cantor, compositor, violonista, foi um dos coordenadores musicais da Serenata, abordada com enorme carinho por Manassés.
“Eu tinha 12, 13 anos e participava das serenatas. Ensaiávamos no coreto da praça as músicas que depois iríamos cantar de casa em casa, passando na residência da namorada de cada um. Alguns cantavam muito mal, e aí fazíamos um coro, pra ajudar”, recorda “Mana”, como é chamado pelos amigos, mostrando entusiasmo pelo convite para voltar a Maranguape para este momento tão permeado de afeto, lembranças e simbologias. Será também uma celebração pelos 172 anos do município. Manassés estará ao lado de diversos cantores, entre eles Zezim Maciel, único remanescente, juntamente com o violonista, dos “serenatistas” daqueles tempos.
Manassés: músico universal
No Brasil e no exterior, Manassés, cearense de Maranguape, é um protagonista no meio musical. Dono de um estilo próprio, consegue como ninguém fundir diversos gêneros musicais com elementos da música nordestina, produzindo um tipo de música que soa universal. A música de Manassés surpreende, causa impacto, arrebata, convida a um outro estado de espírito e a viagens da imaginação e da sensibilidade por diversas paisagens e ambiências sonoras. Características presentes em seus discos e em trabalhos como as quatro trilhas que compôs para espetáculos da Edisca, escola de dança de excelência e ONG que atua com jovens da “periferia” de Fortaleza.
Perto de completar 70 anos, Manassés se dedica à música desde a infância, com o violão pego escondido do pai, que, depois de o levar para tocar em uma praça de Fortaleza, passou o chapéu e comprou o que seria o primeiro instrumento próprio do filho. Em meados dos anos 70 trocou Fortaleza por São Paulo, após uma “lendária” viagem de kombi com artistas como Edison Távora pai, Téti e Rodger Rogério, se somando aos artistas da geração que viria a ser conhecidos como “Pessoal do Ceará”, denominação dada pelo DJ e produtor cultural Walter Silva, o Pica-pau, e expressa em letras garrafais na capa interna do disco de Rodger, Téti e Ednardo lançado em 1973, “Meu Corpo, Minha Embalagem, Todo Gasto na Viagem”.
Morando com Belchior, Manassés foi convidado para uma temporada em Paris, onde tocou com expoentes como Georges Moustaki e Claude Nougaro. Também fez shows na extinta União Soviética e tocou com o emblemático violonista Paco de Lucia. No Brasil, além de integrar por muitos anos a banda do cantor e compositor Raimundo Fagner e a Banda Santarém, formada por Petrúcio Maia e outros instrumentistas que se apresentavam com o intérprete, tocou com mestres como Luiz Gonzaga, Naná Vasconcelos e Chico Buarque, entre inúmeros outros.
Também lançou discos emblemáticos com músicos de Brasília e gravou um DVD no Centro de Eventos do Ceará, com participação de convidados como Téti e Humberto Pinho.
No ano de 2002 lançou o disco “A Música Universal de Manassés” que, em 2013, seria a base para a criação de um livro de partituras de mesmo nome. Em 2015 lançou o CD “Mana Mano”.
De técnica apurada suas composições surpreendem pelo estilo e versatilidade forjada em elementos acústicos que resultam em diversos ritmos e sons. Em 1997 Manassés recebeu o prêmio de “Melhor Trilha Sonora Original” de cinema do Ceará e do Festival de Cinema do Recife, composta para o curtametragem “Campo Branco”, de Telmo Carvalho.
Manassés compôs, em 1998, as trilhas sonoras dos filmes “Iremos a Beirute”, do cineasta Marcos Moura, e “Cerca Seca”, de Flávio Alves. Em 1999 compôs a trilha sonora do filme “Oropa, França e Bahia”, de Glauber Rocha Filho e foi novamente premiado pelo Cine Ceará, pela autoria da trilha do filme “Uma Nação de Gente”, da cineasta Margarita Hernandez, voltando a trabalhar com a cineasta no filme “Labirinto” em 2001.
Serviço:
Manassés. Show no Centro Cultural Banco do Nordeste Fortaleza (Rua Conde D´Eu, 560, Centro). Sexta, 17/11, às 20h. Entrada franca. Informações: Instagram do CCBNB Fortaleza e whatsapp 85999733054.