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Mais Michelle Yeoh e menos “novinhas” debochadas e preconceituosas

ByRenata Maia

mar 17, 2023
Michelle Yeoh, ganhadora do prêmio de Melhor Atriz do Oscar 2023

Há alguns dias, fomos telespectadores de um grande marco para a diversidade do cinema: pela primeira vez, uma mulher asiática conquistou o prêmio de Melhor Atriz do Oscar 2023, aos 60 anos. Foi a primeira vez também que uma atriz não branca, em 21 anos, ganhou o prêmio na categoria. “Mulheres, jamais deixem alguém dizer que vocês já passaram da ‘melhor época’”, nos encoraja Michelle Yeoh.

Ao mesmo tempo que vivemos um momento ímpar em nossa história de luta por equidade de gênero, também passamos momentos tristes de retrocesso. Poucos dias depois, uma mulher na faixa dos quarenta anos é ridicularizada nas redes sociais por duas colegas da faculdade, ambas na casa dos 20. O motivo? Ser mulher, ter mais de quarenta, cursar uma faculdade, viver seus sonhos, existir.

Por que a mulher com mais de 35 anos incomoda tanto a sociedade? Condenam nossas atitudes, desaprovam nossa postura profissional, questionam nossa maternidade, censuram nossa liberdade sexual, julgam constantemente nossas escolhas, avaliam nossos corpos. 

Mulheres jovens agredindo outras mulheres por, na cabeça delas, já terem “passado do ponto”. Aparentemente, acreditam que temos um prazo de validade. Prazo para trabalhar, estudar, amar, sonhar, realizar, viver plenamente.

“As novinhas” esquecem que o tempo é implacável. Como diz a máxima popular: só não envelhece quem morre cedo. Amanhã, a “quarentona” julgada pode ser uma delas. Ao invés de olhar para o futuro com sabedoria e lutar por quebra de estereótipos, as novinhas se juntam aos homens em seus discursos misóginos e etaristas.

Enquanto ainda nos recuperamos da rebordosa, vem mais uma para ratificar nosso contexto: tempos em que o machismo estrutural ainda persiste e em que homens ainda se sentem no direito de assediar mulheres, de todas as idades, e se esconder em justificativas fajutas, como a já tão famosa e repugnante “era só uma brincadeira”.

Nas ruas, nos bares, em escolas e universidade, e também em reality shows exibidos pela maior emissora do Brasil, como a mais recente polêmica ocorrida no BB23. Nem a casa mais vigiada e monitorada do país é capaz de inibir crimes de importunação sexual. Não há lugar seguro.

Homens, se vocês soubessem as dores e delícias de ser mulher, agradeceriam não passar por tantos julgamentos, por não receberem rótulos injustos e descabidos, por não terem seus corpos violados, nem suas asas cortadas.

Que sejamos mais Michelle Yeoh e menos “novinhas”, como as universitárias citadas acima, debochadas e preconceituosas. Válido salientar, infelizmente, que elas também se esconderam, assim como os brothers assediadores, na desculpa descarada e esfarrapada “era só uma brincadeira”.  

Para hoje e para todos os outros dias, desejo que existam mais  mulheres que abram espaço a outras, que estendam a mão, que caminhem juntas na luta por valorização da potência do feminino. Vamos celebrar umas as outras.

By Renata Maia

Jornalista, assessora de imprensa, mestre em marketing e mãe. Não necessariamente nessa ordem. Vivendo as dores e delícias de ser mulher em tempos atuais. Despindo-se e vestindo de novo a própria alma com força, louvor e alegria. Ser mulher é reinventar-se. Vamos juntas!

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