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Julho Verde: Casos de câncer de laringe são diagnosticados cinco vezes mais em homens

Inserido entre os cânceres de cabeça e pescoço, o tumor maligno de laringe tem se mostrado uma ameaça cinco vezes maior para os homens que para as mulheres. Para 2024, são previstos, respectivamente, 6.570 e 1.120 novos casos no Brasil. Ao menos 70% desses tumores são diagnosticados já em fase avançada, tornando mais complexo o tratamento. Os dados são estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o período entre 2023 e 2025.

Localizada no pescoço, entre a traqueia e a cavidade oral, a laringe é o órgão onde estão as cordas vocais.  Os principais fatores que têm relação com o desenvolvimento do câncer de laringe são o tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas, especialmente a combinação dos dois. Esse tipo da doença, incluindo a supraglote, glote e subglote, é mais comum em homens a partir de 40 anos. Cerca de 75%  das lesões são detectadas inicialmente nas cordas vocais e podem desencadear sintomas como dor de garganta, rouquidão e dificuldade de engolir.

O cirurgião de cabeça e pescoço e coordenador da Comissão de Neoplasias de Cabeça e Pescoço da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológico (SBCO), Carlos Santa Ritta, explica que a investigação de um simples sintoma, como rouquidão, já seria capaz de aumentar consideravelmente as taxas de diagnóstico precoce no país. “Seria o ideal que, ao apresentar um padrão de voz diferente e persistente, a pessoa procurasse um especialista. Pode ser um otorrinolaringologista ou fonoaudiólogo, pois a rouquidão persistente já pode ser um indício de lesão na prega vocal e deve ser avaliada por um exame de viodelaringoscopia”, alerta.

Quanto mais precoce for o diagnóstico de um tumor maligno na laringe, maior é a probabilidade e preservação da laringe. Nesses casos, comenta o especialista, a tomada de decisão por uma laringectomia total ou parcial depende do grau de comprometimento do órgão. “Se for apenas em uma prega vocal, o cirurgião pode optar pela cirurgia parcial, pois já menor risco de impactar na capacidade do paciente de deglutição e fonação”, orienta.

Quando a doença é diagnosticada na fase mais inicial, ainda restrita à laringe, as chances de cura (o paciente estar vivo cinco anos após o tratamento) são de 78,9%, aponta o levantamento SEERS, do Instituto Nacional de Câncer, dos Estados Unidos. Quando a doença se espalha para os linfonodos a taxa de cura cai para 47,7%. Em casos de metástase, registra taxa de 34,4%. No mundo, foram registradas mais de 103 mil mortes por câncer de laringe em 2022, segundo a Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS).

SINAIS E SINTOMAS

Os principais sintomas de câncer de laringe, que podem variar de acordo com a localização e estágio da doença, são:

  • Rouquidão ou alterações na voz;
  • Dificuldade para engolir alimentos ou sensação de algo preso na garganta;
  • Dor de garganta ou de ouvido persistentes;
  • Caroço no pescoço;
  • Tosse constante;
  • Problemas respiratórios;
  • Perda de peso sem motivos.

Ressalta-se, ainda, que os sintomas em si podem não ter relação com o câncer de laringe, mas não se pode descartar a possibilidade e o ideal é consultar um médico especialista para uma avaliação mais minuciosa.

Prevenção do câncer de laringe

  • Não fumar nenhum produto e evitar o tabagismo passivo
  • Evitar o consumo excessivo e constante de bebidas alcoólicas
  • Manter o peso corporal adequado
  • Cuidar da saúde da voz

CÂNCER DE CAVIDADE ORAL

Outro câncer de alta prevalência em cabeça e pescoço é o que atinge a boca (ou cavidade oral), também se destacando o fato de ser mais comum entre os homens. Os números indicam 10.900 casos entre os homens e 4.200 entre as mulheres, com uma incidência quase três vezes maior. A cavidade oral corresponde a gengivas, língua, lábio, soalho bucal (a parte que fica embaixo da língua), palato duro (céu da boca), e a área atrás dos dentes do siso (retromolar).

De acordo com a IARC/OMS, mais de 1,5 milhão de novos casos de câncer de cabeça e pescoço são registrados anualmente, no mundo, com número de mortes anuais girando em torno de 460 mil óbitos. Os dados confirmam o impacto da doença como um problema de saúde global. É comum que os tumores de cabeça e pescoço – exceto o de tireoide – sejam diagnosticados de forma tardia, de 70% a 80% dos casos. A descoberta da doença em fase avançada torna o tratamento mais complexo, oneroso e com menos chances de sucesso.

Entre as principais causas de câncer de cabeça e pescoço estão o tabagismo, figurando em primeiro lugar, seguido pelo consumo de álcool e a infecção pelo vírus HPV) e, portanto, são doenças evitáveis. A atenção aos sinais de alerta também faz diferença para ajudar no diagnóstico precoce. Outras causas que aparecem são lesões pré-malignas, baixa resposta imunológica, além da infecção pelo vírus Epstein-Barr.

De acordo com o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO e titular do Hospital de Base, de Brasília, as lesões que não cicatrizam em até três semanas, devem ser um sinal de alerta. O cirurgião também explica que a cirurgia oncológica não pode ser o procedimento indicado quando há um risco de complicação severa, algo que costuma acontecer com tipos de lesões mais volumosas e agressivas. “Vou citar o exemplo de um tumor que acomete toda a extensão da língua. Nesse caso, o paciente precisa fazer uma cirurgia para a remoção completa dela, tornando a cirurgia incompatível com um padrão de qualidade de vida aceitável”, exemplifica.  Em um caso como esse, conforme o especialista, o recomendado seria um tratamento neoadjuvante – composto por quimioterapia ou radioterapia antes da cirurgia – de tal modo que o tumor possa ser reduzido e passe a ser ressecável. “Há também as situações em que o tumor é retirado e o tratamento adjuvante é a escolha feita, com a quimioterapia ou radioterapia depois da cirurgia”, complementa Santa Ritta.

Os principais sintomas de câncer de cavidade oral, que podem variar de acordo com a localização e estágio da doença, são:

  • Leucoplasia: área esbranquiçada na cavidade oral, parecida com uma afta, que não melhora
  • Eritroplasia: mancha vermelha persistente na cavidade oral, que pode sangrar
  • Ferida na boca que não cicatriza, após 15 dias
  • Perda ou amolecimento de dentes
  • Nódulo no pescoço
  • Massa ou nódulo na língua, nas gengivas ou no rosto
  • Dificuldade para mexer a língua, mastigar ou engolir alimentos
  • Mau hálito constante
  • Perda de peso inesperada

O especialista orienta que, ao observar alguma alteração suspeita, é importante que se busque avaliação de um cirurgião oncológico, cirurgião de cabeça e pescoço ou otorrinolaringologista. Nesses casos, o cirurgião-dentista também é uma figura importante na detecção da doença, já que na maioria das vezes ele é o primeiro profissional a ter contato com lesões suspeitas.

Depois de realizado o exame clínico, caso haja hipótese de câncer, haverá a necessidade de realização de biópsia. Nesse procedimento, parte da área onde há desconfiança de câncer é removida para análise microscópica. Nesse tipo de exame, o paciente pode precisar de anestesia local ou geral, a depender de onde o tumor estiver localizado. Quando se tem o diagnóstico precoce, as chances de cura – de o paciente estar vivo cinco anos após o diagnóstico – superam os 90%.

Formas de prevenção de câncer de cavidade oral

  • Não fumar
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas
  • Manter o peso corporal adequado
  • Manter boa higiene bucal
  • Usar preservativo (camisinha) na prática do sexo oral
  • Tomar a vacina contra o Papilomavírus Humano-HPV

Importância da formação continuada

Por conta das evidências científicas, as principais causas da maioria dos subtipos de câncer de cabeça e pescoço são conhecidas e, nesse caso, é fundamental que os médicos e demais profissionais de saúde, principalmente aqueles que atendem na saúde primária, nos postos de saúde, tenham capacidade de fazer a suspeição adequada. “Dentistas, fonoaudiólogos e otorrinolaringologistas são especialistas que devem conhecer melhor os tumores de cabeça e pescoço para que possam contribuir de forma mais assertiva para a descoberta precoce da doença”, ressalta Carlos Santa Ritta, ao mencionar a importância da educação continuada dos profissionais de saúde.

Diagnóstico em fase avançada e complexidade do tratamento

O tratamento cirúrgico é crucial para tumores de cavidade oral e tireoide, bem como a avaliação do cirurgião de cabeça e pescoço é fundamental para se decidir a melhor opção de tratamento para tumores de laringe e faringe. A forma de abordagem vai depender do tipo de câncer, estadiamento (fase de diagnóstico) e outras características clínicas do paciente, como a idade. Quanto mais cedo se descobre a doença, maior é a chance de o tumor ser ressecável (passível de cirurgia) e de forma menos agressiva, o que determina o aparecimento de menos sequelas e melhor qualidade de vida.

Sobre a SBCO – Fundada em 31 de maio de 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) é uma entidade sem fins lucrativos, com personalidade jurídica própria, que agrega cirurgiões oncológicos e outros profissionais envolvidos no cuidado multidisciplinar ao paciente com câncer. Sua missão é também promover educação médica continuada, com intercâmbio de conhecimentos, que promovam a prevenção, detecção precoce e o melhor tratamento possível aos pacientes, fortalecendo e representando a cirurgia oncológica brasileira. É presidida pelo cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro (2023-2025).

By Jordan Vall

É Jornalista, com uma maior atuação na cultura e entretenimento. Deu início a sua carreira na televisão na TV Unifor, como produtor, repórter e apresentador do principal jornal da emissora universitária. O profissional já foi produtor e comentarista de um quadro do Programa Matina, na TV União. No “Deu O Que Falar”, quadro semanal da emissora aberta, comentava sobre o mundo dos famosos, levava pautas relevantes para a sociedade, através das notícias das celebridades. Foi durante 2 anos, produtor, diretor e repórter na TV Otimista e atualmente é assessor de comunicação, CEO na Assertiva Comunicação e Colunista do Portal Conexão Magazine (Portal de Notícias no Rio de Janeiro). Como amante da moda, foi convidado para ser jurado da 6ª edição do Salão de Moda Ceará. Além de todas essas atuações, Jordan é CEO/Fundador e repórter no In Fluxo Portal, tratando de pautas culturais, cobertura de eventos e muito mais. O profissional também atua como modelo e influenciador digital. Instagram: @jordan_vall / contato comercial: jordanvall@influxoportal.com

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