Alertar pais/responsáveis, sociedade civil, escolas e organizações de todas as instâncias no combate ao abuso sexual contra crianças e adolescentes, é uma das principais bandeiras de luta pelos Direitos das Crianças e Adolescentes da ativista, assistente social e escritora, Mônica Mota. Não à toa: os índices de violência são alarmantes.
De acordo com levantamento realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, publicado no Anuário Brasileiro de Segurança 2022, em 2021 foram registradas 66.020 ocorrências de estupro, das quais 35.735 (61,3%) contra menores de 13 anos. Seriam 4 meninas de menos de 13 anos estupradas por hora no país.
Em 86,7% dos registros o criminoso era conhecido da vítima, sendo que 40,8% era pai ou padrasto; 8,7% avô e 37,2% irmão, primo ou outro parente. Em 76,5% dos casos, o crime ocorreu na residência. Atenta a essa situação e ciente de como é sofrer esse tipo de violência, pois foi abusada sexualmente na infância, dos 6 aos 12 anos, Mônica Mota tem como projeto de vida ajudar a diminuir e eliminar os números.
“É cada vez mais urgente estabelecer um diálogo educativo e de acolhimento, desde a primeira infância (0 a 6 anos), com as crianças. Assim, elas conseguem identificar riscos de abuso e exploração, diferenciando o toque de afeto do de violência”, explica a escritora.
Mônica também ressalta que a Educação Sexual é primordial para que a criança desenvolva suas próprias estratégias de autodefesa. “O adulto é o principal agente para mediar um diálogo seguro com a criança, que ainda está em processo de formação enquanto pessoa. Por isso, é importante que ele assuma esse papel de proteção e de garantias dos direitos das crianças, e não de violação”, enfatiza.
Conquistas de Mônica Mota
Realizadora da “Campanha Todo Dia é 18 de Maio”, fazendo alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso Sexual e à Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes, ela firma-se como primeira cearense a publicar um livro infantil abordando de forma lúdica e leve as questões de violação de direitos dessa população. Seu primeiro livro, Tom, Elis e Chico (Editora Brasil Tropical), lançado em 2019 na XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará, conta a história de três macaquinhos, vítimas de abuso sexual que ficam assustados e tristes com a aproximação da “mão grande”. A obra reforça a diferença entre o toque bom e o ruim dos adultos.
Em 2022, Menino Bernardo é financiado pela Visão Mundial, organização cristã fundada em 1950 em defesa da criança e do adolescente e proteção das populações vulneráveis, com lançamento na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará/ Auditório Murilo Aguiar.
Inspirado em um diálogo da escritora com o pequeno Vinícius, filho de amigos de Mônica, portador de Mielomeningocele e cadeirante, o segundo livro da autora revela estratégias de autoproteção que podem ser ensinadas às crianças com deficiência.
Sobre Mônica Mota:
Autora dos livros Tom, Elis e Chico e Menino Bernardo, a escritora infantil Mônica Mota é natural de Pentecoste (CE), filha de agricultor e neta de professora. Ela, que estudou a vida inteira em escola pública do campo, tem apenas 25 anos e já soma grandes conquistas. Está à frente da “Campanha Todo Dia é 18 de Maio”, em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Abuso Sexual e à Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes (projeto que realizou durante o Ensino Médio, dando início a seu ativismo contra o abuso sexual infantil), é a primeira cearense a publicar um livro infantil abordando de forma lúdica e leve a violação de direitos das crianças e adolescentes, com a temática do abuso sexual infantil, e apresentou seus dois livros nas Bienais Internacionais de São Paulo e Ceará nos anos de 2019 e 2022. É idealizadora de projetos de incentivo à leitura na infância e segue realizando diversas ações artísticas em Pentecoste e outras cidades do Ceará em prol dos direitos da infância e adolescência.