1. O título do seu livro é muito impactante. O que o levou a escrever “Você não precisa sentir dor” e qual a principal mensagem que deseja transmitir aos leitores?
Após anos tratando pacientes com dor crônica, percebi um padrão nos que respondiam melhor aos tratamentos e nos que não tinham tanto sucesso. Reconheci a importância de mudanças de comportamento e hábitos para o sucesso no tratamento da dor crônica. Este livro se propõe a ser um guia para pacientes que enfrentam essa condição e para aqueles que desejam prevenir e evitar incapacidades. A principal mensagem é: “Você, paciente que sente dor, tenha calma, há solução. Podemos melhorar sua qualidade de vida, e eu vou mostrar como isso é possível.”
2. No livro, você aborda maneiras de evitar ou reduzir a dor. Quais são algumas das estratégias mais eficazes que recomenda, tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde?
Primeiramente, reforço a importância do acompanhamento multiprofissional. O trabalho em equipe com fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos é fundamental. Além disso, a criação de hábitos saudáveis, como uma alimentação sem açúcar ou ultraprocessados, a prática regular de atividade física, o controle do estresse e a garantia de um sono adequado, de pelo menos 7 a 8 horas por dia, são estratégias eficazes.
3. A dor crônica é um desafio para muitas pessoas. Você discute o papel da neurocirurgia no alívio da dor. Quais são os avanços mais promissores nessa área e como eles podem transformar a vida dos pacientes?
Existem vários avanços promissores:
- Toxina botulínica: tem mostrado eficácia no tratamento de enxaquecas e dores neuropáticas, melhorando significativamente a qualidade de vida.
- Neuromodulação com neuroestimulador de medula e nervos periféricos: eletrodos implantados podem paralisar a dor crônica.
- Procedimento de radiofrequência: um pequeno cateter gera um campo elétrico e magnético, desinflamando o nervo e controlando a dor.
4. Além das abordagens cirúrgicas, você explora métodos alternativos para o manejo da dor. Poderia compartilhar mais sobre como práticas integrativas, como fisioterapia ou meditação, podem colaborar no tratamento?
No livro, abordo o uso de óleos essenciais para o tratamento de lombalgias e cefaleias crônicas, além de nutracêuticos e fitoterápicos. Estudos recentes mostram que esses métodos têm resultados comparáveis aos de analgésicos e anti-inflamatórios, sem os efeitos colaterais e o risco de abuso medicamentoso. Essas práticas são aliadas no tratamento da dor de forma natural e integrada.
5. Como neurocirurgião, você está na linha de frente do tratamento de diversas condições complexas. Quais têm sido os maiores desafios e recompensas em sua carreira ao lidar com pacientes que sofrem de dor crônica?
O maior desafio é lidar com a complexidade da dor crônica, que envolve não só o físico, mas também o emocional dos pacientes. A maior recompensa é ver a transformação na qualidade de vida dos pacientes. Muitos chegam incapacitados, sem conseguir caminhar, praticar esportes, ter uma boa noite de sono ou até mesmo enxergar uma perspectiva de vida. E, com o tratamento adequado, eles voltam a viver plenamente.
6. Para finalizar, o que o público leigo pode aprender de mais importante ao ler seu livro, e qual conselho daria a quem está buscando formas de lidar com a dor?
O público leigo aprenderá ferramentas essenciais para criar hábitos saudáveis, técnicas para redução do estresse e melhora do sono, além de conhecer os tratamentos mais avançados, como a neuromodulação e o tratamento multimodal. O meu conselho é: busque sempre um tratamento integrado com uma equipe multidisciplinar e, acima de tudo, acredite que há formas de melhorar a qualidade de vida.
Agradeço imensamente pela sua participação e por compartilhar seus conhecimentos e experiências. Seu trabalho tem um impacto significativo na vida de muitas pessoas.
Elexsandro Araújo
Jornalista – DRT 7393