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Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, cancelou uma viagem de estado que faria aos Estados Unidos nesta semana para discutir o futuro do conflito na Faixa de Gaza, após o governo de Washington se abster em uma votação do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que pediu o cessar-fogo imediato.
Segundo Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM e especialista em Estados Unidos, historicamente, Israel sempre exerceu um papel de apoio aos Estados Unidos frente aos países árabes nos últimos anos. Além disso, entre Israel e a Palestina os Estados Unidos sempre foram um mediador importante para o equilíbrio regional. “O cancelamento é o mais claro sinal de estremecimento entre os governos, aliados de primeira hora. Para o presidente americano Joe Biden traz um elemento importante no processo eleitoral que pode auxiliá-lo em setores da população que estavam questionando o apoio irrestrito a Israel”, diz.
Para a especialista, os próprios republicanos e o ex-presidente Donald Trump têm falado muito pouco sobre a questão de Israel e o conflito em Gaza, pois o tema atinge em cheio grupos mais religiosos nos Estados Unidos e a comunidade judaica americana, por serem muito fortes e terem um papel muito importante de capacidade de articulação e de Lobby. “Neste contexto, a questão Regional é estratégica, bem como a questão doméstica americana que agrupa interesses bastante fortes e capazes de pressionar o povo e não só o Executivo, mas também o Legislativo. O governo americano usa sua capacidade de atuação para mudar a posição e as ações de Israel frente ao conflito, como ajuda humanitária de forma organizada e sem ações militares. Tal atitude passou a ser um ponto importante para agenda eleitoral do presidente Biden”, conclui Holzhacker