Em celebração aos 119 anos do Poço da Draga, comemorado em 26 de maio, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura realiza uma programação especial que exalta a história, a resistência e os saberes da comunidade, em mais uma programação integrada com sua vizinhança. Reconhecido como uma das mais antigas áreas urbanas de Fortaleza, o Poço da Draga será homenageado com ações que fortalecem a memória coletiva e promovem o diálogo entre arte, educação e cidadania cultural.
Há 26 anos atuando nas proximidades da comunidade, o CDMAC é um complexo da Rede Pública de Espaços e Equipamentos Culturais do Estado do Ceará (Rece) da Secult Ceará, gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM), celebra a história de luta e resistência do local. Não por acaso, o centro cultural tem sido uma ponte entre as linguagens artísticas e os saberes populares do Poço, acolhendo ações formativas, residências, apresentações artísticas e oficinas em parceria com artistas e coletivos locais, o que se reflete nas ações de comemoração que acontecem neste final de semana.
A programação tem início na sexta-feira, 23 de maio, com o painel “Cultura e Educação nos Territórios: Diálogos Possíveis”, das 16h às 19h, no Pavilhão Atlântico. O encontro propõe reflexões sobre práticas educativas que dialogam com as culturas locais e os processos de resistência comunitária.
No sábado, dia 24, as atividades começam pela manhã com o “Trilhando Educativo MAC.CE”, das 9h às 11h, com os educadores Thyago Nunes e Rassanth. Voltada para crianças de 5 a 13 anos, a ação será realizada na ONG Velaumar (Av. Almirante Tamandaré, 41) e propõe uma vivência artística que parte das experiências de presença, memória e (re)existência. A atividade é gratuita, com 25 vagas disponíveis por ordem de chegada.
Ainda no sábado, ao meio-dia, o Pavilhão Atlântico será palco da ação “Samba com Feijoada é com nós mesmo”, com apresentação da instrumentista Samya Kássia. À tarde, das 16h às 18h, será montado no mesmo local um Espaço de Redução de Danos, com ponto de hidratação, autocuidado e preservação da praia, voltado para o público a partir de 16 anos. Encerrando a programação do dia, das 20h às 22h, a DJ Bugzinha comanda a discotecagem no calçadão da praia, no Poço da Draga, em um encontro que celebra a força da cultura local.
A iniciativa integra a política de valorização dos territórios vizinhos ao Dragão do Mar, reafirmando o compromisso do equipamento, vinculado à Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult Ceará), com a democratização do acesso à cultura, a escuta ativa e o fortalecimento de vínculos comunitários.
Dragão no Território
Criado em março de 2023, o Núcleo de Articulação Territorial (NAT) do Centro Dragão do Mar vem intensificando a relação histórica com o Poço da Draga, fortalecendo os vínculos com a comunidade por meio de uma gestão territorializada. A atuação do NAT se dá a partir de ações construídas em parceria com os moradores, que incluem atividades culturais e educativas voltadas para o território, além da integração de artistas locais e trabalhadores autônomos de serviços ambulantes à programação do centro cultural.
As iniciativas estão organizadas em três principais frentes. São elas: o Programa de Gratuidade para Comunidades Vizinhas, que estimulou o cadastro e o uso ativo do benefício para acesso gratuito à programação do Dragão; ações de difusão e fruição cultural, como o “Pôr do Sol na Draga”, com apresentações artísticas e atividades abertas em espaços públicos do território, fortalecendo vínculos comunitários; e ciclos formativos em direitos, por meio de rodas de conversa, oficinas e debates sobre direitos humanos, identidade, território e pertencimento.
Como parte desse movimento, o NAT iniciou, em março de 2025, um cadastro de moradores para garantir o acesso gratuito às atividades do centro cultural, com a reserva de até 10% dos ingressos para os inscritos. Até o momento, cerca de 210 moradores já foram cadastrados, consolidando uma política que vai além da visitação pontual, promovendo a permanência e a participação contínua nas ações. Com um impacto direto em 1.744 pessoas, as atividades desenvolvidas pelo NAT revelam uma atuação sensível e integrada, que conecta arte, escuta territorial e direitos humanos, valorizando os modos de vida e a potência cultural do Poço da Draga.