O dia 7 de fevereiro marca o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas. A data relembra o ano de 1756, quando ocorreu o falecimento do nativo guarani Sepé Tiaraju, uma das grandes lideranças indígenas dos Sete Povos das Missões, que liderou uma revolta contra portugueses e espanhóis. Para quem não conhece Sepé Tiaraju de Sete Povos das Missões é o conjunto de sete aldeamentos indígenas fundado pelos Jesuítas espanhóis na Região do Rio Grande de São Pedro, atual Rio Grande do Sul.
A data foi criada em 2008 e chama a atenção para as questões ligadas aos povos originários do Brasil – como a crise humanitária Yanomami, em Roraima. Temos acompanhado a tragédia e as mortes dos povos Yanomami. Segundo o Ministério dos Povos Indígenas, 570 crianças morreram por contaminação de mercúrio, desnutrição e fome nos últimos quatro anos.
Neste cenário de luta, dor e pedidos de socorro dos Yanomamis, organizações não governamentais, startups e empresas privadas se mobilizam em uma ação nacional para arrecadação de água mineral e alimentos para o estado de Roraima. A principal causa de morte, principalmente em crianças, tem sido a desnutrição, a diarréia e a contaminação de mercúrio por conta da ingestão de água e peixes contaminados. A PWTech em ação com a Secoya está criando estações de tratamentos para purificação da água, desde o ano passado, para os Yanomamis, as ações ganharam repercussão inclusive em outras regiões indígenas e também para comunidades do Pantanal.
Para Fernando Silva, CEO da startup, a ocupação das terras indígenas pelo garimpo ilegal, é uma das principais causas para a contaminação da água dos povos originários. “A utilização do mercúrio como uma forma rápida para separar o ouro do cascalho, traz um custo altíssimo para o meio ambiente e para a saúde humana. Ele contamina as águas que bebemos e os peixes que comemos. No nosso corpo, o mercúrio pode afetar a coordenação motora, a visão e até mesmo a memória”, explica o especialista.
O equipamento é capaz de purificar 6 mil litros de água por dia, eliminando 100% de vírus e bactérias, tornando-a própria para o consumo humano. Selecionado em agosto, pelo Programa Mundial de Alimentos (PMA) da Organização das Nações Unidas, a tecnologia auxiliou no abastecimento de água de 5 mil pessoas afetadas pelos ciclones que atingiram Madagascar, país da África Oriental, nos primeiros meses de 2022.
Enquanto a PWTech fez a doação do equipamento, a Associação se responsabilizou pelo transporte e instalação do purificador, onde cerca de 90 indígenas Yanomami vivem nas margens do Rio Marauiá (principal fonte de água para o consumo da comunidade). As duas instituições estudam em conjunto como expandir a iniciativa para contemplar não somente o Xapono do Taracoá, como outras comunidades do rio Marauiá e das demais regiões do Território Yanomami do estado do Amazonas.
A CUFA está arrecadando doações em São Paulo que serão encaminhadas para os Yanomamis, segundo a organização as doações serão apenas físicas e podem ser em copos, garrafas ou galões de água potável e devem ser entregues até o dia 16/02, na Avenida Aeroporto, 725, bairro Santo Amaro, das 7h30 às 11h e das 13h30 às 17h.
A ONG Ação da Cidadania, referência há décadas no combate à fome no Brasil, também está mobilizando equipes e já entregou mais de 17 toneladas de alimentos aos indígenas Yanomami em Roraima. Para levar alimentos e medicamentos à região, a Força Aérea Brasileira (FAB), sob coordenação do Ministério da Defesa, atua com o transporte diário de cargas. Segundo o órgão, a FAB já transportou 574 cestas, o que totaliza 9.874 quilos de cestas básicas e mais de 3 toneladas de medicamentos e materiais hospitalares.
Neste dia nacional da luta indigena, fica o ecoar do grito da mãe que perde o filho por desnutrição, fica a intolerância e o desrespeito pelos povos originários, a ganância pela extração ilegal de minérios e o pedido de socorros não só dos Yanomamis, mas de todos os povos originários deste país.