Nesta terça-feira, 04 de fevereiro, a comunidade global celebra o Dia Mundial do Câncer. Esta data foi estabelecida pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) e tem como objetivo aumentar a conscientização sobre o câncer, promover a prevenção e incentivar a pesquisa. O tema da campanha global para 2025-2027 é “United by Unique” (Unidos pelo Único), que coloca as pessoas no centro do cuidado e explorará novas maneiras de fazer a diferença.
A leucemia é um tipo de câncer que afeta as células que formam o sangue do corpo, a medula óssea e o sistema linfático. Existem diferentes tipos de leucemia, e a doença pode variar em termos de rapidez de progressão e gravidade. “Existem dois grupos de leucemias: as crônicas e as agudas. Cada uma delas pode ser dividida de acordo com a origem da célula doente, podendo ser classificadas como mielóide (aguda ou crônica) ou linfóide (aguda ou crônica). Os tratamentos variam de acordo com o tipo de leucemia e conforme as características da célula que deu origem à doença. Temos as quimioterapias, as imunoterapias, as terapias alvo, as terapias celulares e o transplante de medula óssea. Cada modalidade de tratamento possui uma característica, efeitos colaterais, sítios de ação e indicações específicas para a adequada aplicação e o efeito desejado que é combater a doença”, explica Dr. Ivan da Costa Furtado, médico hematologista.
Abaixo, o médico esclarece alguns mitos e verdades sobre a doença.
– Leucemia é sempre fatal?
MITO. A Medicina já evoluiu ao ponto de termos a possibilidade de curar ou de controlar a doença. Claro que vai depender do subtipo, do tratamento instituído, da agressividade da doença e de fatores biológicos do organismo do paciente. Existem leucemias com comportamento muito agressivo, com alta letalidade, mas existem outras com comportamento mais indolente e que, em muitos casos, sequer necessitam de tratamento imediato, podendo somente ser acompanhadas no consultório.
– Apenas crianças desenvolvem leucemia?
MITO. Tanto crianças quanto adultos podem desenvolver leucemia. Algumas, como a leucemia linfoide aguda são mais comuns em crianças. Outras, como a leucemia linfoide crônica, são observadas mais comumente em pessoas com mais idade. A leucemia mieloide aguda, por exemplo, é mais comum em pessoas com cerca de 60 anos, mas pode ser diagnosticada em crianças, embora mais raro e mais difícil de tratar, diferentemente da leucemia linfoide aguda que possui grandes chances de cura com os tratamentos disponíveis para as crianças com este diagnóstico.
– Sintomas de leucemia são sempre graves e fáceis de identificar?
MITO. Nem sempre é tão fácil diagnosticar. Muitos pacientes demoram a seremadequadamente avaliados por um hematologista, seja por darem pouca importância para pequenos sinais como um cansaço incomum, seja por peregrinarem por diversos profissionais que não se atentam para a hipótese da doença, por inexperiência. Os sinais e sintomas mais comuns incluem: fadiga, perda de peso, inapetência, surgimento de manchas roxas na pele, sangramentos espontâneos, infecções e alterações nos exames de sangue.
– A leucemia pode causar fadiga extrema?
VERDADE. Tanto a doença quanto o próprio tratamento podem causar fadiga. A fadiga é o sintoma mais comum nos pacientes com diagnóstico de câncer hematológico, mas é um sintoma pouco específico, pois diversas condições podem causar fadiga (por exemplo, uma noite mal dormida ou estresse contínuo são causas de fadiga extrema também)
– A leucemia só afeta o sangue?
MITO. A célula doente, embora seja uma célula do sangue, pode infiltrar qualquer outro órgão do corpo e causar alterações no funcionamento adequado daquele órgão. Uma pessoa com leucemia pode apresentar crises convulsivas, por exemplo, se houver infiltração da doença no sistema nervoso central (cérebro).
– A anemia pode ser um sintoma de outras doenças hematológicas?
VERDADE. A anemia é um sinal de que algo possa estar atrapalhando a adequada produção dos glóbulos vermelhos do sangue. Diversas doenças, hematológicas e não hematológicas podem ser causas de anemia, assim como a perda constante de sangue (por exemplo na menstruação).
– A doação de sangue é essencial para o tratamento de algumas doenças hematológicas?
VERDADE. A doação de sangue é um ato de amor, primeiramente. Um único doador pode salvar até 4 vidas com seu gesto. Diversas doenças do sangue exigem que o paciente receba transfusões de componentes do sangue mais de uma vez. Às vezes diariamente!
– A anemia pode se transformar em leucemia?
MITO. Isso é um engano muito comum. O que acontece é que muitas pessoas diagnosticadas com leucemia já haviam detectado a anemia em exames antes do diagnóstico, lavando-as a crer que a causa da leucemia foi a anemia, quando, na verdade, a anemia já era consequência da doença ainda não diagnosticada.
– O transplante de medula óssea é acessível como nos outros países?
VERDADE. O Brasil possui um dos melhores sistemas de registro de doadores (REDOME) ereceptores (REREME) de medula óssea do mundo. O INCA, através do REDOME gerencia a busca de doadores compatíveis de medula óssea para os pacientes com indicação de realização do transplante. Esse gerenciamento inclui o contato com os potenciais doadores registrados no banco de dados do REDOME, a realização de testes de compatibilidade e a organização da logística para a adequada coleta e do transporte da medula óssea doada. Além disso, o REDOME se comunica com os registros de doadores de medula de outros países quando não há um potencial doador compatível no Brasil, permitindo ampliar o acesso à potenciais doadores compatíveis em todo o mundo.