A bipolaridade, também conhecida como transtorno bipolar, é uma condição psiquiátrica caracterizada por variações extremas de humor, que vão desde episódios de euforia até períodos de depressão profunda. Essas mudanças de humor podem afetar significativamente a qualidade de vida e o funcionamento diário daqueles que vivenciam esse transtorno.
Atualmente, a bipolaridade afeta mais de 250 milhões de pessoas no mundo todo, segundo dados da Fundação Bipolar Inglesa. No Brasil, a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB) estima a existência de aproximadamente 8 milhões de pessoas com o transtorno.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença atinge mais os jovens, sobretudo entre os 15 e 25 anos. Contudo, o último estudo epidemiológico apontou para um pico tardio entre 45 e 55 anos. “A causa exata do transtorno afetivo bipolar ainda é desconhecida. Entretanto, estudos sugerem que o problema pode estar associado a alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de vários neurotransmissores, como noradrenalina e serotonina”, explica o psicólogo André Carneiro, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC).
Ainda de acordo com o especialista, o transtorno bipolar pode ser dividido em dois tipos principais: o Tipo I, que envolve episódios maníacos graves, muitas vezes acompanhados de episódios depressivos, e o Tipo II, caracterizado por episódios hipomaníacos menos intensos, mas que alternam com episódios depressivos mais severos.
Frente aos desafios da bipolaridade, os tratamentos disponíveis desempenham um papel crucial na gestão do transtorno. O psicólogo André Carneiro destaca que a combinação de medicamentos estabilizadores de humor e terapia é frequentemente prescrita. A medicação visa controlar os sintomas, enquanto a terapia, em especial a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), ajuda na compreensão dos padrões de pensamento e comportamento, proporcionando estratégias para lidar com os desafios emocionais.
A bipolaridade não afeta apenas aqueles que vivenciam diretamente o transtorno, mas também tem um impacto significativo na vida cotidiana daqueles que os rodeiam. A oscilação entre extremos de humor pode, costumeiramente, prejudica também familiares, amigos, colegas de trabalho e parceiros amorosos. Vale salientar que, constantemente, a bipolaridade é confundida com depressão, porém se tratada como depressão, utilizando remédios para depressão, piora muito as crises e (hipo)mania.
“É fundamental que as pessoas ao redor compreendam o transtorno bipolar para oferecerem apoio eficaz”, destaca André Carneiro. “A falta de compreensão pode perpetuar o estigma em torno da bipolaridade, dificultando o enfrentamento do transtorno,” completa o especialista.
A bipolaridade é um desafio complexo, mas com o entendimento adequado, tratamento e suporte, é possível gerenciar eficazmente os sintomas e promover uma vida plena. A conscientização e a desestigmatização são passos cruciais para construir uma sociedade mais compreensiva e solidária com aqueles que vivem com o transtorno bipolar.
Diagnóstico
O diagnóstico do transtorno bipolar é um processo complexo que requer avaliação minuciosa por profissionais de saúde mental e engloba algumas etapas: entrevista clínica detalhada que será a primeira jornada rumo ao entendimento, avaliação dos sintomas para juntar as peças do quebra-cabeça emocional, histórico familiar e outros fatores de risco para conectar as linhas genéticas e colaboração entre profissionais de saúde com o intuito de proporcionar uma abordagem holística.
“O diagnóstico de bipolaridade frequentemente demora a ser estabelecido devido a uma série de desafios e complexidades associadas ao transtorno. Aqui estão alguns dos motivos pelos quais esse processo pode demandar tempo, como variedade de sintomas, semelhança com outros transtornos, dificuldade em buscar ajuda, necessidade de observação prolongada e estigma em relação a doença”, esclarece o psicólogo André Carneiro.
Tratamento
Transtorno bipolar não tem cura, mas pode ser controlado. O tratamento para o transtorno é abrangente e geralmente envolve uma combinação de abordagens medicamentosas e terapêuticas, adaptadas às necessidades individuais de cada paciente.
É primordial salientar que apoio social e familiar é vital para o tratamento bem-sucedido. O envolvimento da família na compreensão do transtorno e no suporte ao paciente é crucial. Grupos de apoio e redes sociais também podem oferecer um ambiente de compreensão e compartilhamento de experiências.
“A TCC é a abordagem terapêutica mais eficaz no tratamento do transtorno bipolar. Ela se concentra na identificação e modificação de padrões de pensamento negativos, além de ajudar o indivíduo a desenvolver estratégias para lidar com os desafios emocionais. Essa terapia também pode envolver a criação de um plano de ação para prevenir recaídas”, orienta o André Carneiro, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental.
O tratamento para o transtorno bipolar é muitas vezes uma jornada contínua e individualizada. A abordagem integrada, combinando medicamentos, terapia, suporte social e mudanças no estilo de vida, visa estabilizar o humor, prevenir recaídas e permitir que os indivíduos vivam vidas plenas e significativas. A colaboração entre pacientes, profissionais de saúde e redes de apoio é fundamental para alcançar resultados positivos a longo prazo.