Mais de 31 mil pessoas mortas e quase 5 mil perderam a vida na Turquia e na fronteira com a Siria, respectivamente. Um dos piores desastres naturais na região europeia, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) em um século, deixou mais de 26 milhões de pessoas com necessidades de ajuda humanitária. Não apenas este fatídico evento, como também o desastre com um trem que descarrilou em Ohio, EUA, e que gerou uma nuvem de fumaça tóxica, contaminando os arredores e até mesmo o estado vizinho, a Pensilvânia, e os desabamentos causados por temporais no Brasil, em regiões como Rio de Janeiro e Minas Gerais, e mais recentemente no litoral norte de São Paulo, são apenas alguns dos desastres que estão acontecendo em todo mundo.
Desastres naturais infelizmente sempre ocorreram e são definidos pela OMS como “um ato da natureza de tal magnitude que cria uma situação catastrófica”. Furacões, terremotos, inundações, deslizamentos, tsunamis, são alguns dos desastres que podem acontecer. Quanto mais precária a região, maiores são os estragos, bem como aconteceu com o terremoto no Haiti em 2010, que matou mais de 316 mil pessoas, o tsunami no Oceano Índico, que matou 230 mil pessoas em 2004, e o ciclone que matou 140 mil pessoas em Mianmar em 2008.
Os impactos da mudança climática se intensificaram em 2023, e desastres como inundações extremas, calor e seca afetaram milhões de pessoas. Ainda segundo a OMM (Organização Meteorológica Mundial), esses fenômenos mostram claramente a necessidade de se fazer muito mais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, além de fortalecer a adaptação às mudanças climáticas, por meio do acesso universal a alertas precoces.
“A necessidade de preparação e resposta aos desastres e emergências complexas são bastante antigas e caminham lado a lado com a história da humanidade. Principalmente na área da saúde, a Medicina de Desastre é uma área de estudos organizada e estruturada, relativamente recente, e que se faz necessária há bastante tempo”, declara Dr. Luiz Hargreaves, especialista em Medicina de Desastre há 35 anos, com atuação no Brasil e Exterior e coordenador de cursos da UnyleyaMED.
O número de desastres vem aumentando nas últimas décadas por diferentes razões, o que inclui as mudanças climáticas e a ocupação desordenada em diversos centros urbanos, como comunidades, residindo em áreas de risco, no caso dos desastres naturais, como também um aumento de ameaças tecnológicas causadas pelos seres humanos, como no caso dos ataques terroristas, acidentes de meios de transporte, dentre muitas outras situações. A pandemia por COVID-19 que teve início em 2019 e causou milhões de vítimas trouxe graves prejuízos para a economia, mostrando também a importância e a necessidade da preparação para situações críticas.
A área de Medicina de Desastre atua em todas as fases do chamado ciclo de desastres, representado pela prevenção, mitigação, preparação, resposta e reconstrução/recovery. O médico de desastre possui diferentes papéis, que abrange a coordenação integrada na resposta, no treinamento, na preparação de equipes, na assessoria técnica ao comandante do incidente, dentre muitas outras.