O ser humano é naturalmente mal ou a sociedade o corrompe? Essa pergunta filosófica sempre esteve presente na sociedade, existem diversas hipóteses para responder a essa questão, no entanto, não se pode negar o papel da sociedade na moldagem de uma personalidade violenta.
Essa é a tese defendida pelo PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, no seu artigo “Não somos violentos, nossa mente que vive em constante conflito” publicado pela Revista Multidisciplinar de Ciência Latina.
“Estamos em constante conflito mental, temos menos momentos de felicidade e mais momentos de preocupação. Nosso instinto está sempre nos colocando em prontidão, trazendo memórias negativas que definem nosso posicionamento sobre a situação”.
“Nosso instinto para a sobrevivência tem mecanismos de fuga, ataque ou paralisia e a escolha de qual reação ocorrerá vai de acordo com a personalidade do indivíduo. Alguns partindo para ataques, sendo agressivos”. Afirma no estudo.
Os instintos, a violência e a sociedade
Nosso cérebro é alimentado por diversos instintos advindos da evolução que ficaram submetidos ao cérebro límbico, nossos instintos seguem a lei de causa e efeito ligando ações a reações sejam elas positivas ou negativas.
Esse sistema é altamente influenciado pelo contexto em que se vive, que pode influenciar de forma negativa ou positiva nossas ações, estar exposto a situações de violência, perigo, tensão e etc., “ensina” o cérebro a lidar bem apenas com emoções negativas.
Por que as pessoas se acostumam e até sentem prazer em assistir matérias sensacionalistas e notícias trágicas? O cérebro se acostuma a ser influenciado pelo que está consumindo.
A sociedade atual estimula, em certo ponto, as ações violentas e quando estamos movidos pelos impulsos do cérebro límbico nosso racional perde momentaneamente o controle das nossas ações, gerando atos agressivos impulsivos.
A influência da sociedade na agressividade humana
A sociedade exerce um importante papel na formação cerebral humana, ela é a responsável por “moldar” nosso cérebro para lidar com as situações da vida adulta.
Por exemplo, um bebê não nasce com seu cérebro totalmente formado para enfrentar os desafios da vida adulta, eles vão se formando ao longo do crescimento e podem sim sofrer influência externa.
“Crianças e adolescentes submetidos a episódios de violência desligam involuntariamente partes do cérebro responsáveis pela memória, empatia e emoções. Assim, a capacidade de concentração e de processamento de novas informações fica comprometida, por isso, há tantos já adolescentes na rua, usando drogas ilícitas e enfrentando pessoas violentamente”.
Há diversos fatores e diversas variáveis que influenciam nosso cérebro a ter a fisiopatologia da agressão dentre eles, o ambiente externo e aspectos existenciais e evolutivos, nosso sistema límbico é o responsável pelos nossos impulsos motivacionais e pode nos levar a cometer atos de violência, no entanto, a sua ação pode ser mediada através da racionalidade.