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    Como escolher espumantes para as festas de fim de ano?

    Em clima de festas de final de ano, a Sommelière Érika Líbero preparou um Guia dos Espumantes com dicas e curiosidades sobre a bebida sempre popular no Réveillon. 

    O espumante é um dos tipos de vinhos mais democráticos. Tem para todos os gostos, todos os níveis de açúcar, todas as cores, todos os bolsos e acompanha todos os tipos de refeição – da entrada à sobremesa.

    A Sommelière Érika Líbero começa explicando o que é o espumante: É o vinho que passa por duas fermentações, a primeira para transformar a uva em um vinho base branco ou rosé, e a segunda para adicionar o gás carbônico nesse vinho base.

    Métodos para produção de espumante

    Há 3 métodos para produção dos espumantes. Para obter um espumante, o vinho base deve ser fermentado novamente para a formação da perlage (aquelas bolhas do espumante). Essa segunda fermentação pode ser feita de dois métodos:

    Tradicional

    Também conhecido como método champenoise ou clássico, a segunda fermentação ocorre na garrafa.

    Charmat

    A segunda fermentação ocorre em tanques de inox e só depois é envasado.

    Asti: Uma única fermentação

    O método Asti é uma variação do método Charmat, mas consiste em uma única fermentação, gerando álcool e perlages de uma só vez.

    Nem todo espumante é Champagne ou Prosecco

    “Vamos começar já dizendo que nem tudo que borbulha é Champagne ou Prosecco. É muito comum usar os termos ‘champanhe’ e ‘prosecco’ para falar de um espumante.” conta Érika Líbero.

    Champagne

    O Champagne é o espumante feito em Champagne (região da França) pelo método tradicional (champenoise) com as uvas permitidas em Champagne: Chardonnay,

     Pinot Noir e Meunier. Outras 4 uvas são permitidas (Arbane, Petit Meslier, Pinot Blanc e Pinot Gris), mas estas representam menos de 0,3% da produção de uvas de Champagne. 

    Prosecco

    O Prosecco é o espumante feito no Vêneto (Itália) pelo método Charmat com a uva Glera. Antigamente a uva Glera era chamada de Prosecco, mas mudou de nome para evitar que espumantes de outras regiões e países que usassem essa uva também fossem chamados de Prosecco.

    Cava

    O Cava é o espumante da região de Penedés (Espanha) com as uvas Macabeo, Xarel-lo e Parellada. É feito pelo método tradicional.

    Não é “A” Espumante e sim “O” Espumante

    “É comum ouvir ‘Vou tomar UMA espumante’, mas o correto é UM espumante, substantivo masculino”, destaca Érika que também fala sobre a questão linguística em relação ao Champagne: “O Volp traz champanhe como substantivo masculino e feminino, portanto é permitido dizer “O” champanhe ou “A” champanhe.”

    Espumantes brancos podem ser feitos de uvas tintas

    Uma das uvas de Champagne é a Pinot Noir, uma uva tinta. Um espumante branco pode ser feito 100% com a uva Pinot Noir. O termo usado para um espumante feito com uvas tintas é Blanc de Noir.

    Blanc de Blancs é só com uva branca

    Quando encontrar um rótulo com a descrição Blanc de Blancs, se trata de um espumante branco feito exclusivamente com uvas brancas. Em geral, esses vinhos são produzidos 100% com a uva Chardonnay.

    Você sabia que a pressão de uma garrafa é superior a 4 atm? 

    Um dos fatores que classifica um espumante é a pressão, que deve ser acima de 4 atm. Uma pressão de 4 atm pode causar um bom estrago, por isso, cuidado ao abrir uma garrafa de espumante. A gaiola, aquele arame que segura a rolha, está lá justamente para a garrafa não expulsar a rolha, então, a partir do momento que a gaiola é retirada, a atenção deve ser redobrada para evitar acidentes. 

    Érika compara: “Para ter uma ideia do que é 4 atm:

    Panela de pressão de 4 litros: 2,5 atm (temperatura acima de 100 graus Celsius)

    Pneu de caminhão: 4 atm (depende do pneu).”

    E complementa: “Não precisa se apavorar, mas é bom manipular com cuidado. Não aponte a garrafa em direção às pessoas, animais, objetos (cuidado com lâmpadas e lustres!!).”

    Já reparou que, em geral, o espumante não é safrado como outros tipos de vinho? 

    Geralmente não tem o ano da safra no rótulo do espumante. Isso acontece porque o enólogo faz cortes com diferentes safras para manter o padrão do espumante ano a ano.

    O termo Brut encontrado nos espumantes diz respeito ao teor de açúcar

    Teor de açúcar do espumante, de acordo com a descrição do rótulo.

    Nature: até 3g

    Extra–brut: superior a 3g e até 8g

    Brut: superior a 8g e até 15g

    Sec (ou seco): superior a 15g e até 20g

    Demi-sec (meio-seco ou meio-doce): superior a 20 e até 60g

    Doce: superior a 60g

    No Brasil, há um espumante que pode ser chamado de Champanhe

    A Vinícola Peterlongo possui um espumante que pode ser chamado de Champanhe. O Recurso Extraordinário 78.835 concedeu de maneira irrevogável o direito do uso do termo Champagne em alguns de seus rótulos. A Vinícola Peterlongo foi a pioneira na produção de espumantes no Brasil, em 1915.

    Espumantes tintos?

    Não é muito comum, mas existe. Aqui no Brasil, duas vinícolas já produziram espumante tinto com a uva Merlot: Estrelas do Brasil e Guatambu.

    A vinícola Viapiana (Flores da Cunha-RS) lançou um espumante tinto elaborado 100% com a uva Gamay. 

    Hamonizações

    Érika destaca a versatilidade do espumante: ” É um tipo de vinho que vai bem do começo ao final da refeição. Espumantes harmonizam da salada à sobremesa.” 

    A Sommelière dá uma sugestão de ordem para que os espumantes sejam servidos do início ao fim da refeição:

    Entrada: Brut/Nature elaborado pelo método Charmat.

    Prato Principal: Brut/Nature elaborado pelo método Tradicional.

    Sobremesa: Moscatel, elaborados pelo método Asti.

    Érika destaca que “a escolha vai depender do gosto pessoal ou da harmonização com os pratos.”

    Espumantes feitos pelo método Charmat são mais leves, frescos e frutados. Acompanham bem pratos leves, entradas, tábua de queijos e frios.

    Espumantes elaborados pelo método tradicional, em geral, são mais estruturados e cremosos. Acompanham bem pratos com mais estrutura, como peixes assados, aves e até uma feijoada.

    Espumantes doces feitos pelo método Asti harmonizam perfeitamente com sobremesas.

    O espumante deve ser servido gelado ou resfriado? Por quê?

    Os espumantes são servidos gelados para realçar a acidez e não acentuar o álcool.

    Antes de servir, deixe por pelo menos 2h30 na geladeira ou uma hora no balde de gelo. Durante o serviço, mantenha no balde de gelo para manter a baixa temperatura. 

    Os espumantes brasileiros estão entre os melhores do mundo

    “Pode comprar sem medo! Temos espumantes de todos os métodos , todos os teores de açúcar e todas as cores. Recebem vários prêmios mundiais e são elogiados mundo afora. Não tenha medo de comprar espumantes nacionais”, conta Érika.  

    Em relação às regiões que produzem espumantes no país, a Sommelière explica que Garibaldi é conhecida como a capital nacional do espumante, já Farroupilha é a capital nacional do Moscatel e a Região do Vale do Rio São Francisco produz excelentes espumantes.

    Qual a taça mais indicada para o Espumante? 

    A taça mais indicada para servir o espumante é a flüte, mais alta e estreita, para manter o gás carbônico. Caso não tenha, não se preocupe, utilize a taça de vinho, mas sirva em pequenas quantidades. 

    Assim como o vinho, o espumante precisa envelhecer ou perde o gás com o tempo?

    A maioria dos espumantes já chega no mercado prontos para consumo e em geral são consumidos jovens. A rolha armazena bem o gás carbônico dos espumantes, mas após aberto o gás se perde rapidamente e recomenda-se o consumo imediato.

    Que comecem as celebrações de final de ano com brindes de espumantes. Tin Tin! 

    By Redação

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