Por Dr. Paulo Zahr, cirurgião dentista, fundador e presidente da OdontoCompany
No Brasil, anualmente inúmeras pessoas são diagnosticadas com algum tipo de câncer. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), até 2022 a estimativa era de 625 mil novos casos. A enfermidade, que ainda desafia muitos médicos, têm como tratamento mais comum a radioterapia e a quimioterapia. Nestes casos, as células cancerígenas são bombardeadas frequentemente, porém, algumas que não são alvo da medicação também são atingidas.
Com a imunidade mais baixa devido às altas doses administradas durante o tratamento, algumas lesões, doenças ou infecções podem aparecer na cavidade bucal e cabe ao cirurgião-dentista identificá-las e tratá-las. Mas, para isso, é preciso que o paciente seja examinado tão logo seja diagnosticado com câncer.
Doenças que podem surgir, por exemplo, são as cáries, que ocorrem devido a alteração do PH da saliva e que reduzem a capacidade de defesa contra infecções bucais. Outra enfermidade é a gengivite, uma inflamação localizada na gengiva. Com a exposição a radiação do tratamento, a contagem de plaquetas sanguíneas diminuem, deixando a mucosa mais sensível e, apesar da boa higiene, pode acumular placa bacteriana gerando uma inflamação.
Um dos casos mais comuns em pacientes oncológicos é o surgimento de mucosite, uma inflamação generalizada na mucosa que é comparável à presença de dezenas de aftas. Essas lesões dificultam a alimentação e a ingestão de líquidos, que pode, como consequência, interromper a terapia contra o câncer. Além disso, as feridas são uma porta para micro-organismos e doenças oportunas em pessoas que já estão com a imunidade baixa.
É importante ressaltar que as condições de cada paciente vão influenciar no tratamento a ser seguido pelo cirurgião-dentista, devendo esta ser uma análise estritamente profissional.