A temporada de festas juninas é marcada por sabores intensos, memórias afetivas e um cardápio irresistível com delícias que já fazem parte da tradição nordestina. Porém, algumas comidas típicas podem causar desconfortos digestivos, como estufamento, azia, mal-estar, até mesmo em quem não costuma ter problemas intestinais. O famoso “pratim” (com opções muito condimentadas e muita adição de leite), a canjica, paçoca, pé de moleque, milho cozido, bolos e muitas outras delícias tradicionais nem sempre combinam com o que o nosso corpo está habituado a digerir no dia a dia. Por isso, entender como consumir esses alimentos de forma mais consciente pode fazer toda a diferença.
Segundo a nutricionista Tanara Ferreira, o segredo está tanto no tipo quanto na quantidade de comida ingerida. “Nosso corpo produz enzimas digestivas com base nos alimentos que estamos acostumados a consumir. Quando há um exagero, por exemplo, em carboidratos ou gorduras, nem sempre há enzimas suficientes para digerir tudo, o que causa estufamento, gases ou até mesmo uma diarreia”, explica. Além disso, intolerâncias alimentares, como à lactose, podem se intensificar com os ingredientes típicos desse período.
De acordo com a nutricionista Tanara, para quem tem intolerância à lactose, é importante ficar atento aos ingredientes das receitas típicas e buscar adaptações seguras. Muitos produtos “zero lactose” ainda contêm lactose, mas incluem a enzima lactase para auxiliar na digestão, o que pode funcionar bem em casos leves ou moderados. Outra alternativa é preparar as comidas com os leites vegetais, como os de castanha ou amêndoas, que imitam os derivados lácteos, embora nem sempre agradem ao paladar ou sejam acessíveis.
“Conhecer os ingredientes e saber como seu corpo reage a eles é fundamental. Às vezes, optar por um vatapá feito sem leite pode ser melhor do que o creme de galinha. Mas, para quem tem sensibilidade ao pão, a escolha pode ser outra. O importante é avaliar o que te faz bem e evitar exageros”, aconselha Tanara.
“Saber o que te faz bem ou mal é essencial. Às vezes, trocar a canjica por uma cocada sem leite já resolve. O importante é fazer escolhas conscientes, sem exagerar”, orienta a nutricionista. Por isso é preciso ter muito cuidado e sempre perguntar quais os ingredientes, para não correr risco de alguma reação alérgica.
Para aproveitar os pratos juninos sem abrir mão da saúde intestinal, Tanara recomenda prestar atenção aos sinais do corpo e investir em estratégias simples. “Incluir enzimas digestivas, chás de ervas (como erva-doce e espinheira-santa) e até uma água com limão antes ou depois das refeições são medidas que ajudam”, reforça a profissional.
Tanara destaca que outro ponto importante para não ter problemas estomacais e intestinais é a forma como os alimentos são consumidos. Comer com calma, mastigar bem, evitar grandes volumes de líquidos junto das refeições e respeitar os sinais de saciedade são atitudes que impactam positivamente a digestão. Beber menos durante as refeições e evitar bebidas alcoólicas também são práticas recomendadas, já que o álcool pode agravar os desconfortos intestinais.
Portanto, curtir a festa junina de forma leve e equilibrada é totalmente possível. Com pequenas adaptações e atenção ao próprio corpo, dá para saborear os pratos típicos com mais prazer e menos arrependimentos no dia seguinte. Afinal, celebrar a cultura popular também é cuidar da saúde com inteligência e sem terrorismo alimentar.