Dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) apontam que só no ano passado, 1.933 casos de câncer de pênis foram registrados no Brasil e em 459 deles (quase 25%), a amputação do órgão foi necessária. Em 2021, mais de 1.700 casos deste tipo de tumor foram registrados no país, sendo 139 na Bahia. Como a doença é prevenível na maioria dos casos, a SBU promove, até o fim deste mês, uma ampla campanha para esclarecer sobre suas três principais causas: higiene inadequada, infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) e estreitamento do prepúcio (fimose).
A limpeza diária do órgão com água e sabão, principalmente após as relações sexuais, é a melhor forma de evitar a doença. Por isso, os meninos precisam aprender hábitos de higiene íntima diária desde cedo. Usar camisinha em todas as relações sexuais também ajuda na prevenção, já que o preservativo diminui a chance de contágio de infecções sexualmente transmissíveis, como o HPV, vírus que está quase sempre associado ao câncer de pênis. Para combater este vírus, meninos de 9 a 14 anos devem tomar a vacina contra o HPV, disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo o urologista Filipe Sena, integrante do grupo URO+ Urologia Avançada e Cirurgia Robótica, a cirurgia para o tratamento da fimose, quando a pele do prepúcio é estreita e impede a exposição adequada da cabeça do pênis (glande), é outra forma de prevenção, nos pacientes que têm indicação. “A fimose pode dificultar a limpeza adequada do órgão e a detecção de lesões pré-malignas. A operação, também conhecida como postectomia ou circuncisão, é simples e rápida, e na maioria das vezes não necessita de internamento. Embora seja mais realizada na infância, ela também pode beneficiar adultos e idosos”, explicou.
O diagnóstico definitivo do câncer de pênis é feito por meio da biópsia (retirada de um fragmento do tecido) de qualquer lesão peniana suspeita. O objetivo é diferenciar lesões malignas e seus subtipos, lesões pré-cancerosas e benignas. O sintoma mais comum do câncer de pênis é o aparecimento de uma ferida ou úlcera persistente. Em alguns casos, pode haver perda de pigmentação ou manchas esbranquiçadas, secreções e mau cheiro, tumoração no pênis e/ou na virilha (íngua), além de inflamações de longo período, com vermelhidão e coceira. Quando diagnosticado em estágio inicial, a doença apresenta elevada taxa de cura.
Segundo Filipe Sena, o tratamento é cirúrgico, mas pode ser seguido de aplicações de quimioterapia e/ou sessões de radioterapia, dependendo da extensão do tumor, da região onde está localizado e do prognóstico. “A cirurgia é eficaz para o controle local da doença, mas se o paciente apresentar ‘ínguas’ na virilha pode ser um sinal de que o tumor está se espalhando”, acrescentou o urologista. Qualquer tipo de lesão ou tumoração peniana, independentemente da presença de fimose, devem ser avaliadas por um médico.