Com o objetivo de normalizar o cuidado com a saúde mental, neste mês de abril, o tema ganha mais visibilidade graças à campanha do Abril Laranja, que combate a psicofobia, o preconceito contra pessoas que têm transtornos e deficiências mentais. Por isso, a Amar.elo Saúde Mental, startup que leva o bem-estar emocional para o ambiente corporativo, faz o alerta sobre a compreensão do conceito, porque são os preconceitos e estigmas com a saúde mental que afetam a procura por ajuda profissional, impedem o tratamento e até podem levar ao suicídio.
Desde 2014, a luta contra a psicofobia é uma campanha fixa da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), que tem o intuito de combater o estigma e o preconceito contra as doenças mentais. E assim, no dia 12 de abril, o Ministério da Saúde celebra o Dia Nacional de Enfrentamento à Psicofobia, trazendo a cada data informações, números e dicas para que a população brasileira reforce o cuidado com a saúde mental.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) alerta que o transtorno depressivo já é a segunda causa da perda de dias de trabalho no mundo. Estima-se que pelo menos 10% da população mundial sofra de algum transtorno mental. E até 2030, o custo global desses transtornos pode chegar a US$ 6 trilhões.
“Portanto, de acordo com os dados conseguimos observar que muitas pessoas sofrem de transtorno mental, então,já passou da hora de normalizar o tema e entender que os preconceitos e os estigmas relacionados à saúde mental têm impactos severos”, comenta Lorena Soares, COO da Amar.elo Saúde Mental.
Psicofobia dentro das organizações
Muito se fala em alta performance e produtividade, mas pouco se observa como está o profissional que executa essa performance. A psicofobia pode ser um parasita para as empresas, uma vez que desmotiva e adoece. Muitos gestores questionam suas equipes por conta do alto índice de desmotivação pela alta rotatividade.
Mas pouco se leva em consideração a forma como o profissional é gerenciado. As doenças mentais surgem devido a uma somatória de fatores como estresse, ansiedade, preocupação, medo e alta pressão.
“Vale ressaltar que todos nós estamos sujeitos ao adoecimento mental e por isso é necessário entender que seu conceito se refere a um comportamento disfuncional onde se apresentam sintomas ou sinais de desregulação emocional, como: não conseguir se relacionar com as pessoas, alto índice de estresse físico e emocional, violência, aumento dos custos com saúde, entre outros, e isso pode comprometer a rotina de alguma forma”, revela.
Lorena Soares ainda comenta que é necessário às organizações terem um olhar de atenção com os profissionais, assim implementado políticas internas ligadas à saúde mental do colaborador e criar um ambiente psicologicamente seguro, que surge como uma solução para combater a psicofobia.
“A ansiedade e o estresse são sintomas comuns dentro do ambiente de trabalho, mas ainda são poucas as organizações que implementam políticas internas ligadas à saúde mental do colaborador. Sendo assim, precisamos normalizar e tratar questões de saúde mental como a mesma seriedade com que tratamos outras questões de saúde, dessa forma seria um bom começo”, comenta a psicóloga.
Como combater
Culturalmente, falar sobre sofrimento psíquico, vulnerabilidade ou transtornos mentais já causa reações de medo e preconceito, e geralmente retraimento social, entre outras consequências. “Portanto, não podemos minimizar o problema dessas pessoas, e ainda tratá-las como se fosse mera vulnerabilidade ou ligá-las com questões de caráter, como se o sujeito adoecido fosse “fraco”, “preguiçoso” ou responsável pelo seu adoecimento”, diz Lorena.
Vale lembrar que os estereótipos do “louco”, “fraco” e “ incapaz” para pessoas autistas, com problemas de aprendizagem, TDAH, bipolaridade, esquizofrenia, distúrbios de personalidade, ou até mesmo depressão e ansiedade são a forma palpável como a psicofobia se apresenta no dia a dia.
Segundo a psicóloga Lorena Soares, para acabar com a psicofobia é necessário, além de investir na psicoeducação, a construção cultural de ambientes psicologicamente seguros, sejam eles profissionais ou informais, para que cada vez mais se desfaçam os estigmas relacionados à saúde mental. E também a construção de espaços de acolhimentos, onde as vulnerabilidades possam ser cuidadas e não escondidas por vergonha ou se tornarem motivadores para exclusão de pessoas de seus cargos e ciclos sociais.
“Portanto, a luta contra a psicofobia também começa por cada um de nós! Se perceber e ajustar nossos comportamentos e falas são necessários para que possamos vencer essa luta e termos uma sociedade mais emocionalmente segura”, finaliza.