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Brasil ganha Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas

O Brasil é habitado por mais de 305 povos indígenas e é um dos países mais multilíngues do mundo. Embora a maior parte da população desconheça, além do português, são faladas no território nacional mais de 175 línguas indígenas – muitas delas ameaçadas de desaparecer. O Museu da Língua Portuguesa (MLP) e o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE-USP) se uniram para a criação do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas, iniciativa que pretende contribuir, com comunidades indígenas e instituições parceiras, para a pesquisa, documentação e difusão da diversidade linguística e cultural dos povos indígenas no país.  

Com financiamento de R$ 14,5 milhões da FAPESP, o Centro surge com o objetivo de desenvolver pesquisas inéditas e se tornar referência nacional e internacional para constituição de coleções digitais de conhecimentos intangíveis e práticas indígenas, a partir de relações de confiança e respeito para com as comunidades e especialistas indígenas envolvidos. Línguas e culturas indígenas têm forte ligação com a história do Estado de São Paulo que, com a sua rede acadêmica e museológica, além de sua importante capacidade tecnológica, coloca-se em situação privilegiada para promover essa iniciativa. 

O Museu da Língua Portuguesa, o MAE-USP e a FAPESP são instituições do Governo do Estado de São Paulo. O lançamento desta iniciativa aconteceu nesta terça-feira, dia 20 de maio, no auditório do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara. O evento marcou o início dos trabalhos de implementação do Centro e das ações que irão se desenvolver ao longo de cinco anos. Todas as informações do Centro estarão concentradas no link https://linguaseculturasindigenas.org.br/. 

“A ciência e a tecnologia têm um papel estratégico na preservação e difusão de línguas indígenas. A Antropologia e a Linguística, entre outras áreas do conhecimento, associadas às tecnologias digitais e de comunicação, possibilitarão que a sociedade conheça e valorize as línguas e os conhecimentos tradicionais, blindando as culturas originárias do risco do esquecimento”, diz Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP. 

A iniciativa contará com duas pesquisadoras responsáveis nas áreas de Antropologia e Linguística: respectivamente, Maria Luisa Lucas Luciana Storto. O Centro também abrirá processo seletivo para 14 bolsistas de graduação e pós-graduação e ainda para 5 bolsistas técnicos, com especial atenção às candidaturas indígenas.  

Com um plano de trabalho de cinco anos iniciais, as atividades começam com as reuniões do Conselho Consultivo e Comitê de Ética, a formalização das parcerias institucionais, o desenvolvimento técnico do repositório digital, a seleção dos bolsistas e a estruturação das pesquisas, a realização de encontros temáticos e a realização de um seminário internacional em novembro, que fará parte da programação da Temporada França-Brasil 2025. 

A necessidade de promoção e fortalecimento das línguas e conhecimentos de povos indígenas é um tópico de preocupação internacional. O tema ganhou relevância na última década especialmente a partir do protagonismo de lideranças indígenas oriundas de países marcados pelos processos de colonização. Por essa razão, a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou o período entre 2022 e 2032 como a Década Internacional das Línguas Indígenas (DILI), com uma série de ações encabeçadas pela UNESCO em todo o mundo. O Centro integra-se a esse esforço das Nações Unidas e ao plano global da DILI. 

No Brasil, cerca de 20% das línguas presentes no território nunca foram estudadas e muitas delas correm o risco de desaparecer ante a interrupção da sua transmissão entre as gerações. Tal situação tem levado a que muitas comunidades indígenas lutem pelo registro de conhecimentos e práticas diretamente relacionadas à manutenção de suas línguas. Documentá-las em texto, áudio e vídeo é uma forma de valorizar e apoiar o fortalecimento não apenas das línguas, mas de sistemas de conhecimento que abrangem as artes verbais indígenas, os processos de fabricação de objetos, as práticas de ocupação territorial, manejo agroflorestal e de produção de alimentos.  

Por isso, a implantação do Centro de Documentação de Línguas e Culturas Indígenas será realizada a partir de parcerias sólidas com comunidades indígenas. O Centro atuará em três linhas principais de ação: pesquisa e documentação; construção do repositório digital de acesso gratuito no qual estarão armazenadas as coleções; e comunicação cultural que se concentrará em ações de mediação intercultural e de difusão. O objetivo é dar visibilidade a esta diversidade e contribuir para que a sociedade brasileira reconheça e valorize as línguas indígenas e os complexos sistemas de conhecimento desses povos. 

As coleções digitais serão constituídas a partir da pesquisa e documentação linguística com foco nos territórios indígenas em Rondônia e na Região das Guianas, importantes áreas multilíngues do país; e de projetos de documentação antropológica voltados ao registro abrangente de práticas e conhecimentos indígenas, sob demanda e interesse das comunidades envolvidas. As ações de difusão serão realizadas em colaboração com instituições parceiras e comunidades indígenas por meio de seminários, oficinas, exposições, programação cultural, ações educativas e produtos editoriais, tendo como públicos-alvo as comunidades indígenas, pesquisadores, estudantes, professores, profissionais de museus e pessoas interessadas em geral.  

Para o Museu da Língua Portuguesa, a iniciativa do Centro significa a continuidade e aprofundamento de um processo iniciado em 2022: “Foi quando realizamos a exposição Nhe’ẽ Porã: Memória e Transformação, com curadoria da Daiara Tukano, que marcou o lançamento da Década Internacional das Língua Indígenas no Brasil. Desde então, o Museu tem atuado em diferentes iniciativas voltadas à promoção e valorização das línguas indígenas, culminando agora na criação do Centro de Documentação. As línguas são veículos de sistemas de conhecimento e formas de expressão essenciais para a vida dos povos e o uso livre das línguas é central para o desenvolvimento sustentável das sociedades”, diz Renata Motta, diretora executiva do Museu da Língua Portuguesa. 

Já para o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, o projeto permite ampliar o trabalho para outras frentes: “O MAE é hoje um dos mais importantes museus antropológicos do mundo. Os mais de 150.000 objetos indígenas que guardamos são registros únicos de formas de conhecimento de povos que muitas vezes tiveram suas histórias apagadas. Além da pesquisa e ensino, parte da nossa missão é promover o acesso a esses objetos e desenvolver formas de curadoria compartilhada que permitam a expansão de nosso acervo. O Centro de Documentação Indígena permitirá a formação de novas coleções em formato digital, formadas em parceria com pesquisadores indígenas, em um trabalho pioneiro de registro e comunicação de patrimônios ameaçados”, diz Eduardo Góes Neves, diretor do MAE-USP. 

SOBRE O MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA – Localizado na Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa tem como tema o patrimônio imaterial que é a língua portuguesa e faz uso da tecnologia e de suportes interativos para construir e apresentar seu acervo. O público é convidado para uma viagem sensorial e subjetiva, apresentando a língua como uma manifestação cultural viva, rica, diversa e em constante construção. O Museu da Língua Portuguesa é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo, concebido e implantado em parceria com a Fundação Roberto Marinho. O IDBrasil Cultura, Educação e Esporte é a Organização Social de Cultura responsável pela sua gestão.  

 
SOBRE O MAE-USP – O Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, criado em 1989, possui um dos mais importantes acervos arqueológicos e etnográficos do Brasil. Na condição de museu universitário, dedica-se aos pilares da vida acadêmica (pesquisa, ensino e extensão) e conta com dois programas de pós-graduação (Arqueologia e Museologia), além de oferecer cursos de graduação regulares à comunidade USP. Herdeiro de coleções etnográficas de instituições como o Museu Paulista e o Acervo Plinio Ayrosa, o MAE-USP abriga hoje importantes coleções como aquelas de Harald Schultz, Herbert Baldus, Curt Nimuendajú, Dina e Claude Lévi-Strauss e Vera Penteado Coelho. Nas últimas décadas, somaram-se ao acervo outras coleções, como as do Banco Santos, de Lux Vidal e de Regina Muller. Destacam-se, ainda, as coleções com peças arqueológicas (em especial aquelas com cerâmicas marajoaras e tapajônicas), africanas, afro-brasileiras e mediterrâneas. Juntas, tais coleções têm fomentado um grande número de projetos de pesquisa dentro e fora do MAE-USP, de pedidos de empréstimo para exposições dentro e fora do país e, de maneira cada vez mais exponencial, demandas de acesso e de estabelecimento de parcerias e projetos colaborativos com as comunidades implicadas nestas coleções. 

SOBRE A FAPESP – A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo é uma das principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica do país. Com um orçamento anual correspondente a 1% do total da receita tributária do Estado, a FAPESP está ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo e apoia a pesquisa científica e tecnológica, além da formação de recursos humanos para a CT&I no Brasil e no Exterior. 

By Jordan Vall

É jornalista, com uma maior atuação na cultura e entretenimento. Deu início a sua carreira na televisão, na TV Unifor, como produtor, repórter e apresentador do principal jornal da emissora universitária. O profissional já foi produtor e comentarista de um quadro do Programa Matina, na TV União. No “Deu O Que Falar”, quadro semanal da emissora aberta, comentava sobre o mundo dos famosos, levava pautas relevantes para a sociedade, através das notícias das celebridades. Foi durante 2 anos, produtor, diretor e repórter na TV Otimista e atualmente é assessor de comunicação, CEO na Assertiva Comunicação e Colunista do Portal Conexão Magazine (Portal de Notícias no Rio de Janeiro). O jornalista também é Host do Podcast @podnoscontar. Como amante da moda, foi convidado para ser jurado da 6ª edição do Salão de Moda Ceará. Além de todas essas atuações, Jordan é CEO/Fundador e repórter no IN Fluxo Portal, tratando de pautas culturais, cobertura de eventos e muito mais. O profissional também atua como modelo e influenciador digital. Instagram: @jordan_vall / contato comercial: jordanvall@influxoportal.com

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