A dor crônica afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, comprometendo sua qualidade de vida e limitando atividades diárias. Segundo o neurocirurgião Dr. Luiz Severo, os avanços recentes na medicina têm sido um divisor de águas na forma como tratamos essa condição debilitante. “A dor crônica deixou de ser encarada apenas como um sintoma e passou a ser compreendida como uma doença por si só, com implicações profundas para o sistema nervoso central e periférico”, destaca o especialista.
Por que a dor crônica persiste?
De acordo com Dr. Severo, a dor crônica ocorre quando o sistema nervoso permanece hiperativo mesmo após a resolução da causa inicial. “É como se o cérebro criasse um ‘caminho’ de dor que persiste, mesmo sem estímulo direto”, explica. Isso ocorre devido a alterações nos mecanismos de modulação da dor no sistema nervoso central, o que faz com que estímulos normais sejam percebidos como dolorosos.
Tecnologias que revolucionam o tratamento
O especialista enfatiza que os avanços tecnológicos têm trazido esperança a pacientes com dor crônica refratária. “A neuromodulação, por exemplo, tem sido uma das grandes inovações. Dispositivos implantáveis ou técnicas não invasivas, como a estimulação magnética transcraniana (EMT), têm demonstrado eficácia em casos resistentes a medicamentos convencionais”, afirma.
Além disso, os procedimentos minimamente invasivos, como bloqueios nervosos e ablação por radiofrequência, são alternativas menos traumáticas que reduzem os riscos e o tempo de recuperação. “Essas técnicas são particularmente úteis em condições como lombalgia crônica, neuralgia do trigêmeo e dor neuropática periférica”, pontua o neurocirurgião.
Novas fronteiras na farmacologia e terapias integrativas
“Estamos vivendo um momento empolgante na farmacologia”, diz Dr. Severo. Ele cita os antagonistas do CGRP, uma classe de medicamentos revolucionária para enxaquecas, e os moduladores do sistema endocanabinoide, como o canabidiol, que têm ampliado significativamente as opções terapêuticas.
No entanto, o tratamento não se limita a medicamentos. “A dor crônica é multifatorial e exige uma abordagem multidisciplinar. Fisioterapia, Pilates, mindfulness e terapia cognitivo-comportamental são fundamentais para abordar não apenas os aspectos físicos, mas também os emocionais e psicológicos da dor”, ressalta o médico.
Personalização e monitoramento remoto
Com a chegada da inteligência artificial e da telemedicina, a medicina da dor ganhou um importante aliado. “Essas tecnologias permitem monitorar os pacientes remotamente, ajustar tratamentos em tempo real e personalizar as terapias de acordo com as necessidades individuais”, explica Dr. Severo.
Um olhar integrado para o paciente
Para o neurocirurgião, a chave para o sucesso no tratamento da dor crônica está na integração de diferentes abordagens. “Trabalhar em conjunto com neurologistas, fisioterapeutas, psicólogos e outros especialistas permite criar um plano de cuidado realmente eficaz, focado na qualidade de vida do paciente”, conclui.
Segundo ele, as perspectivas são otimistas: “Os avanços que temos hoje, aliados a uma visão mais holística da medicina, nos permitem oferecer tratamentos que não apenas controlam a dor, mas devolvem a esperança aos pacientes.”