Ontem, tive o imenso prazer de ouvir Sandra Pêra em Belchior, no Theatro José de Alencar. Coincidentemente, foi véspera do aniversário de Fortaleza. Que presente, não é mesmo? As melhores músicas do grande talento da nossa terra na voz de uma das melhores intérpretes do país.
Comemorar antecipadamente os 297 anos da capital cearense ao som de Velas do Mucuripe foi único e mágico .
Belchior é profundo, de formação intelectual forte, intenso, visceral. Falo no presente porque se faz vivo em suas músicas, que tanto me tocam e emocionam. O rapaz latino-americano que viveu e escreveu sobre grandes amores: dos românticos aos não correspondidos e também sobre amor a vida e a liberdade.
Ver a potência da Sandra nos palcos é um orgulho imenso a nós, mulheres. Uma artista de tamanha magnitude que continua ativa, feroz e aguerrida na missão de fazer e viver a arte. Cantora, compositora, atriz e diretora. O álbum homônimo ao espetáculo marca a volta de Sandra as gravações depois de um hiato de 38 anos.
Minha música preferida e a que constantemente me pego cantarolando foi a última do show. A ansiedade da espera deu um gostinho ainda mais especial a canção. “Você não sente nem vê. Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo. Que uma nova mudança em breve vai acontecer. E o que há algum tempo era jovem e novo, hoje é antigo. E precisamos todos rejuvenescer”, nos disse Belchior em “Velha roupa colorida” e, ontem, nos lembrou Sandra.
Ser mulher é abraçar as mudanças. Na vida, no corpo, no coração, na trajetória. E mudar requer coragem.