Anna Pérsia Bastos é designer de espaços, sendo o seu maior prazer projetar espaços que façam a diferença para as pessoas, acreditando que os ambientes que nos cercam nos influenciam a todo o tempo. Então, por que não criar espaços que beneficiem a vida, que sejam sustentáveis, inclusivos e que respeitem a diversidade? Materiais utilizados nas construções e durante as reformas, mobiliários, tipos de janelas, objetos e peças de decoração e pequenos hábitos diários podem impactar a vida dentro do lar, adoecendo os moradores. Então, como fugir de gerar ambientes insalubres e viver numa casa saudável?
O conceito de ‘casa saudável’
O conceito de casa saudável está voltado para criar ambientes que geram saúde para os moradores. Vivemos 90% da nossa vida em espaços construídos e eles são comprovadamente mais poluídos do que os ambientes externos. Neste conceito de projeto, pensamos o espaço como gerador de saúde, então, o que fazer para que ele realmente gere saúde aos moradores ou usuários dos espaços? Pensar em que tipo de mobiliário especificar, tipo de tinta, se o ambiente é banhado por iluminação e ventilação natural, em proteção de espaços de longa permanência … tudo isso faz a diferença na vida das pessoas.
Projetos Saudáveis
Um projeto saudável considera sete pontos imprescindíveis para levar saúde aos moradores e/ou usuários dos espaços: Acústica, iluminação, materiais de limpeza, materiais de construção, poluição eletromagnética, qualidade do ar e da água e exercício e lazer.
Quando se projeta é preciso refletir sobre o que está sendo especificado para o ambiente construído e quais as melhores estratégias para melhorar o que já existe. Não adianta pensarmos somente em um dos pontos aqui listados porque todos influenciam consideravelmente no ambiente e uma casa doente, reflete nos moradores e proporciona doença para todos que usufruem dela. É um conjunto de estratégias e soluções de projeto que são pensados e colocados em prática, visando sempre o bem-estar e a qualidade de vida dos moradores. O ar, a água, a iluminação e a ventilação têm uma importância extrema para o bem-estar e para a saudabilidade dos seres. Não vivemos sem eles e se algum deles for de má qualidade, ficamos doentes.
Os materiais que utilizamos na construção podem gerar contaminação. Uma especificação de tinta que contenha contaminantes pode provocar alergias, dores de cabeça, ausência de respiro de paredes … tudo tendo um impacto na nossa saúde. O mesmo acontece com os produtos de limpeza que utilizamos em casa. Tudo que colocamos no ambiente em que vivemos gera uma reação na nossa vida, podendo ser positiva ou negativa. Em resumo, o projeto saudável tem como foco a saúde, o bem-estar, proporcionando uma melhor qualidade de vida.
Por que a preocupação com a inclusão e a sustentabilidade?
“Entendo que a inclusão de todos em qualquer espaço é vital. Somos todos diferentes e respeitar esta diversidade é respeitar o outro em sua totalidade. Os espaços precisam ser pensados para todos, de forma a acolher e a dar autonomia a todos que usufruem dele.”
Em relação à sustentabilidade, além de ser um dos pontos levados em consideração quando se trabalha do conceito de casa saudável, também está relacionado ao respeito a todas as coisas. Não podemos pensar que não somos responsáveis por um mundo melhor, uma vida mais salutar. Acredito que não temos saída a não ser buscar um mundo mais sustentável.
Sustentável no sentido do não desperdício, de não acabar com as fontes naturais que nos foram dadas e estamos exterminando com tudo, de não aceitação ao trabalho escravo e por aí vai. Em todos os meus projetos sempre busco materiais com baixo impacto, que não agridem o meio ambiente, formas de não gerar tanto lixo, de poluir menos o meio ambiente, de reaproveitar o que o cliente tem, repaginando e dando outro valor a peças e mobiliários. É um olhar amoroso pelo que temos e o medo de perder esta riqueza.