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Arte de mulheres indígenas da Amazônia vira moda e promove comércio ético

Há centenas de anos, as mulheres de diferentes povos originários da Amazônia reservam na sua rotina o momento de se reunir para conversar, contar experiências e passar adiante seu conhecimento, enquanto suas mãos vão produzindo objetos que carregam parte de sua história e cultura. Algumas dessas peças são úteis para a vida cotidiana, outras adornam e trazem mais beleza para a vida das pessoas ao seu redor. Hoje, essa arte única e ancestral brasileira começou a ter o seu valor reconhecido em todo o país, contribuindo para uma economia justa que promove a manutenção da floresta em pé. 

Assim como a individualidade das mais de 300 etnias originárias do Brasil, a arte indígena realizada no país tem uma grande diversidade de objetos e estilos. São cestos Baniwa ricos em grafismos, tecidos pintados à mão por artesãs Kayapó, artigos em “teçume” (produzidos com palha trançada) da região da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, arte Xipaya feita com sementes e madeira, cerâmicas dos povos Tukano, adornos como brincos, pulseiras e colares confeccionados com miçangas de vidro. Tudo isso é elaborado seguindo tradições ancestrais, com respeito à natureza, sem retirar da floresta mais do que ela é capaz de repor. Um entre tantos exemplos é o artesanato feito pelas mulheres Mebengokrê, que leva a marca  da pintura corporal desse povo e revela sua identidade forte e perseverante.

Para levar essa arte ao restante do país e a outros pontos do mundo, produtores e artesãos têm trabalhado junto à Origens Brasil®, rede criada pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e Instituto Socioambiental (ISA) e administrada pelo Imaflora, que conecta empresas, organizações comunitárias e consumidores para seguirem modelos de negócios éticos que valorizem a floresta e seus povos. Hoje são membros da rede 3.330 produtores e produtoras beneficiados diretamente, movimentando R$16.1 milhões com relações comerciais entre 74 instituições de apoio e organizações comunitárias, além de 35 empresas, contribuindo através de negócios éticos e transparentes para a apoiar conservação de 51,8 milhões de hectares de floresta feita pelos povos indígenas e pelas populações tradicionais. Isso nos cinco territórios em que atua: Xingu, Norte do Pará, Rio Negro, Solimões e Tupi Guaporé, e promovendo um comércio ético, justo e responsável.

A Tucum é uma das empresas que fazem parte da rede. A plataforma de produtos indígenas comercializa brincos, colares, bolsas, camisas, cosméticos, cestas, esculturas, entre outros artigos feitos de fibras, sementes e miçangas. Toda ação da Tucum procura estimular ou proporcionar a autonomia e a geração de renda para os povos indígenas e comunidades tradicionais, assessorando organizações indígenas para estruturação da cadeia produtiva do artesanato, o desenvolvimento dos negócios. Além disso, também atuam como parceiros comerciais na venda dos produtos, através de consultorias e comercialização de artesanatos indígenas no marketplace e em lojas parceiras no Brasil e no exterior, envolvendo mais de 2400 artesãs e artesãos de 86 comunidades. “Essas peças carregam história e muita resistência de povos que quase foram dizimados e continuam sendo invadidos. Sua arte é um símbolo dessa resistência, porque são conhecimentos que passaram por gerações, materializam um passado que resistiu” destaca Amanda Santana, sócia fundadora da Tucum.

Outro exemplo é a Bemglô – plataforma colaborativa que compartilha produtos que contam a história de quem faz, com afeto, proximidade e impacto positivo. Criada em 2014, ela vende marcas responsáveis e alinhadas com o propósito de baixo impacto ambiental e slow fashion, incluindo arte índigena. Além de integrar a rede Origens Brasil®, a empresa é certificada B, marcando um modelo de negócio onde o desenvolvimento social e ambiental são foco. A empresa tem como sócia a atriz Gloria Pires e é referência quando se trata de consumo consciente.

Valorização da arte e da floresta

Mais do que serem apenas produtos com belas cores, formatos ou grafismos, a arte índigena é linguagem, é subjetividade, é comunicação que fortalece a identidade e cultura dos povos que, ao manterem a atividade viva, mantém também sua forma de vida e a floresta em pé. “Abrir mercados diferenciados e éticos que demandem e valorizem essa arte, é mais do que apenas gerar renda para os povos da floresta, é manter vivo saberes e a cultural imaterial de um povo, ao mesmo tempo que permitimos que as novas gerações possam ter contato com a origem desses produtos que carregam tantas histórias e conhecimento” , afirma Patricia Cota Gomes, gestora da rede Origens Brasil®  no Imaflora.

Hoje, fazer parte da rede tem contribuído para que os povos se sintam reconhecidos e valorizados, e vem atraindo mais jovens para esse trabalho, reforçando entre as novas gerações a importância de passar adiante esses saberes, o potencial econômico de sua cultura e o valor desse trabalho para a sustentação da Amazônia viva. A origem de todo item de arte indígena da rede pode ser acessada através de um QR code, o selo  Origens Brasil® -, o consumidor pode conhecer as histórias das artesãs, o território de origem do produto, sua cultura e o quanto elas contribuem para a conservação da Floresta Amazônica. Uma conexão necessária de quem compra e consome na cidade com quem produz e conserva na floresta.

Iniciativas como a rede Origens Brasil® buscam fortalecer as cadeias de produção e negócios dentro de Áreas Protegidas como estratégia de manutenção da floresta em pé e geração de renda para as populações tradicionais e povos indígenas, verdadeiros guardiões do patrimônio socioambiental. A rede parte dos pilares da articulação em rede, tecnologia e comunicação – aproximando o produtor de empresas e do mercado consumidor. Em 2019,  a rede Origens Brasil® recebeu o prêmio International Innovation Award for Sustainable Food and Agriculture (Prêmio Internacional de Inovação para a Alimentação e Agricultura Sustentáveis da ONU), oferecido durante a 41ª Conferência da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). A iniciativa foi reconhecida na principal categoria do prêmio, voltada para projetos inovadores no combate à fome e desigualdade social no mundo.

A Rede Origens Brasil® Origens Brasil® viabiliza negócios em prol da floresta em pé com garantia de origem, rastreabilidade, transparência e promovendo comércio ético. Em 2021 comercializou mais de  R$ 2,8 milhões através de 55 produtos e contribuiu para geração de renda de 2.224 pessoas entre ribeirinhos, extrativistas, seringueiros, castanheiros, beiradeiros, artesãos e povos indígenas.

Sobre o Imaflora

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola – Imaflora – é uma associação civil sem fins lucrativos, criada em 1995, que nasceu sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e a uma gestão responsável dos recursos naturais. O Imaflora acredita que a certificação socioambiental é uma das ferramentas que respondem a parte desse desafio, com forte poder indutor do desenvolvimento local, sustentável, nos setores florestal e agrícola. Dessa maneira, o Instituto busca influenciar as cadeias produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola; colaborar para a elaboração e implementação de políticas de interesse público e, finalmente, fazer, de fato, a diferença nas regiões em que atua, criando ali modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que possam ser reproduzidos em outros municípios, regiões ou biomas do País.

Mais informações: https://www.imaflora.org/ 

By Jordan Vall

É Jornalista, com uma maior atuação na cultura e entretenimento. Deu início a sua carreira na televisão na TV Unifor, como produtor, repórter e apresentador do principal jornal da emissora universitária. O profissional já foi produtor e comentarista de um quadro do Programa Matina, na TV União. No “Deu O Que Falar”, quadro semanal da emissora aberta, comentava sobre o mundo dos famosos, levava pautas relevantes para a sociedade, através das notícias das celebridades. Foi durante 2 anos, produtor, diretor e repórter na TV Otimista e atualmente é assessor de comunicação, CEO na Assertiva Comunicação e Colunista do Portal Conexão Magazine (Portal de Notícias no Rio de Janeiro). Como amante da moda, foi convidado para ser jurado da 6ª edição do Salão de Moda Ceará. Além de todas essas atuações, Jordan é CEO/Fundador e repórter no In Fluxo Portal, tratando de pautas culturais, cobertura de eventos e muito mais. O profissional também atua como modelo e influenciador digital. Instagram: @jordan_vall / contato comercial: jordanvall@influxoportal.com

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