Executivos e investidores do universo da inovação no Brasil reuniram-se na capital paulista nesta terça-feira (30) para discutir tendências e fomentar o ecossistema de moda, beleza e bem-estar. O 4º Encontro FaB Brazil, realizado no hub Distrito InovaHC, foi idealizado pela JustForYou – líder em personalização de produtos de beleza, saúde e bem-estar no país e representante da Fashion and Beautytech (comunidade global que reúne empreendedores, executivos e investidores das indústrias de Moda, Beleza e Bem-Estar).
Foram dois painéis de conteúdo para discutir o mercado e compartilhar aprendizados vividos por diferentes marcas nativas digitais, abordando temas como mídias sociais, beleza personalizada, diversidade e cocriação com o consumidor. O anfitrião dos painéis, Rodrigo Stoqui, que é Founder & Diretor de Novos Negócios da JustForYou, explicou o conceito do evento. “Para nós, faz muito sentido representar essa comunidade mundial e levantar a bandeira da inovação promovendo um debate rico como esse que, sem dúvida, traz benefícios práticos para o universo das startups no Brasil”. Caio de Santi, CEO da JustForYou, também esteve presente e contou como surgiu a iniciativa. “Nós já passamos por muitos desafios e somos constantemente acionados para contribuir e entregar soluções em dores que já sanamos para o nosso próprio negócio. Esse evento é parte de um conjunto de ações que temos visando contribuir ativamente com novas marcas”, disse.
O primeiro painel, com o tema “Estratégias de growth e impacto para as startups de fashion e beauty” contou com a presença de Guilherme Brunhole, Founder & CEO da UAU Box; Rodrigo Alberto Correia, Founder & CEO da Suprevida e Luana Raposo de Melo, Co-founder & CEO da ImunoTera, com mediação de Luis Amorin, Partner da Neuron Ventures. Já o segundo painel teve como tema o “Desenvolvimento de comunidades e o processo de co-criação com consumidores” e contou com Antonella Vanoni, Marketing & Communication Manager da B4A; Pedro Dias, COO da ANexth, e Fabrizio Postiglione, CEO da Remederi, sob mediação de Mariana Ponzini, Customer Development Manager da Colgate Palmolive.
Tendências mapeadas
Entre os destaques do evento, um assunto comum a todas as empresas que nascem no digital: a construção de marca e as estratégias para que ela cresça. Para Rodrigo Correia, “a marca precisa estar ligada ao propósito do negócio”. Segundo os painelistas, os maiores desafios nessa jornada são construir a autoridade, ter uma boa diversificação de comunicação a partir da dor do consumidor e construir a comunidade pensando na experiência do cliente ao usar o produto e não no produto. “É preciso criar fãs, gerar identificação, vender com propósito e autenticidade”, analisou Guilherme Brunhole.
Um dos assuntos que mais trouxe reflexões foi o equilíbrio no investimento de budget e energia entre canais de mídia orgânica e paga, analisando onde há maior taxa de conversão e menor CAC . “Usamos todos os canais digitais, e sempre tem um que se destaca. No nosso caso, foi o de influenciadoras digitais. No primeiro semestre, 65% dos nossos leads vieram desse canal”, conta Brunhole. Também foi bastante discutido o quanto a mídia orgânica é mais interessante para o crescimento no marketing, especialmente quando são clientes que usam um produto ou serviço, gostam e publicam em suas redes.
Para isso, os painelistas chegaram à conclusão de que é preciso trabalhar os pilares da experiência que o consumidor sente ao usar o produto e menos os pilares do produto. E também que não se pode esperar um resultado tão rápido da mídia orgânica, mensurando os mesmos de forma diferente em relação à mídia paga. “Quando falamos do tema saúde, o conteúdo é o que mais atrai os clientes, mas é preciso ter muito cuidado ao divulgar uma solução em saúde, sempre com muita informação”, ponderou Luana Raposo de Melo, da Imuno Tera.
Revolução digital
Algo foi consenso entre os especialistas: a revolução digital é real – em beleza, bem-estar e até na saúde, onde havia muito mais pontos de contato físicos com clientes e parceiros e hoje quase tudo acontece no on-line, desde congressos e eventos interativos até teleconsulta com exames à distância e experiências em laboratórios no metaverso. No entanto, não se pode deixar de lado o off-line, especialmente se levarmos em conta que 85% do varejo ainda se dá longe das telas. “Não tem mais como separar, a experiência precisa ser compatível em ambas as esferas”, reforçou Brunhole.
A personalização foi outra tendência discutida. “Houve personalização do tratamento da COVID para os pacientes brasileiros e, na oncologia, queremos tornar isso uma realidade. Já manipulamos células de pacientes, ativamos fora do corpo e devolvemos a célula para o organismo”, comentou Luana.
Escalabilidade em processos automatizados, machine learning e construção de uma comunidade (com clientes trazendo novos clientes ganhando benefícios) foram alguns dos aprendizados compartilhados não apenas no primeiro, como no segundo painel. “Canais que reduzem o CAC e são canais mais autênticos têm maior chance de conversão. É importante também trabalhar a aquisição educando a comunidade para fidelizar”, explicou Antonella Vanoni, da B4A. “É um grande desafio, ainda mais quando trabalhamos com um produto que desafia opiniões pré-concebidas. Temos que informar, cuidar do marketing e do produto com responsabilidade”, complementou Fabrizio Postiglione, da Remederi – startup que está desbravando o mercado de tratamento à base de CBD.“
Para os painelistas, a pandemia forçou ainda mais a movimentação digital, a necessidade de se escalar o conhecimento e uma maior preocupação com a saúde. Portanto, é preciso fidelizar os clientes com comunicação humanizada, social listening e uma relação com que não seja apenas através de e-mail, mas que possa ouvir o consumidor todos os dias, garantindo que haja uma verdadeira cocriação e que, por meio dela, nada chegue até o consumidor sem a certeza de que é ele quem precisa daquela solução e não o contrário. “Startups enfrentam muitas dificuldades como questões regulatórias e a disputa de espaço com multinacionais que, com capital, podem nos engolir. Manter o cliente no centro, por mais que seja um desafio, é o nosso grande diferencial. É importante crescer sem perder a cultura customer centric”, disse Pedro Dias, COO da ANexth.