Exaustão constante, insônia, episódios comuns de ansiedade ao findar os dias de final de semana, falta de identificação com a atividade exercida no trabalho, além de uma sensação de incapacidade. Esses são alguns dos sintomas da chamada síndrome de burnout. A doença é uma psicopatologia do trabalho e necessariamente seus sintomas estão ligados ao ambiente de trabalho.
De acordo com a psicóloga voluntária do grupo Cruz da Vida, Juliana Queiroz, as causas do burnout podem ser diversas, como por exemplo “ambiente hostil no trabalho por assédio moral, dificuldade de convivência, excesso de cobrança e de demandas, carga horária extenuante e etc”. Para a psicóloga, problemáticas dessa categoria podem desenvolver os sintomas de burnout levando o indivíduo a impossibilidade de permanecer em suas atividades, sendo necessário um afastamento.
O distúrbio psíquico também é conhecido como síndrome do esgotamento profissional e foi identificado pela primeira vez pelo psicólogo norte-americano Herbert Freudenberger, em 1974. Em todo o mundo, especialistas apontam que a síndrome afeta 10% dos trabalhadores e, quando há severidade nos casos, dessa porcentagem,de 2% a 5% são prejudicados, principalmente aqueles que têm empregos relacionados ao cuidado com pessoas.
Devido a progressividade dos casos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu a Burnout na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), identificando-a pelo código CID 11 – Burnout. Desde então, a síndrome passou a ser reconhecida como doença ocupacional, podendo acarretar direitos previdenciários e uma proteção contra desligamentos relacionados ao esgotamento do profissional.
Estágios do Burnout
O mês de janeiro é dedicado inteiramente para alertar sobre doenças que atingem a saúde mental da população. Com isso, é essencial compreender os níveis e limites do corpo para que a síndrome seja prevenida ou tratada com antecedência. A psiquiatra e também voluntária do grupo de médicos Cruz da Vida, Jéssica Laurindo, apontou os estágios da doença e como ela pode ser prevenida.
“Existem estágios da doença, porém não existe relação cronológica entre eles, cada pessoa pode manifestar os sintomas de forma variada, inclusive simultaneamente, sendo os mais comuns: compulsão em demonstrar seu próprio valor, incapacidade de se desligar do trabalho, negação das próprias necessidades como sono e alimentação, fuga de conflitos, reinterpretação de valores pessoais, negação de problemas, distanciamento da vida social, mudanças estranhas de comportamento, despersonalização, vazio interno, sintomas depressivos, além do esgotamento”, explicou a médica.
A prevenção é a forma mais eficaz de cuidado com a saúde do trabalhador e constitui primariamente medidas de conscientização dos empregadores, estimular práticas relacionadas ao bem-estar como alimentação saudável, atividade física, pausas nas atividades, assim como estimular medidas que favoreçam um ambiente de trabalho com maior colaboração entre funcionários, sistemas de gratificação e menor competitividade.
Tratamento
A psiquiatra Jéssica Laurindo, explica ainda que “após o diagnóstico, cada caso deve ser avaliado de forma individual, a fim de estabelecer uma estratégia terapêutica adequada que pode incluir: afastamento temporário do trabalho, mudança de função, estratégias de relaxamento, psicoterapia, prática de atividade física, dieta equilibrada e, em alguns casos, tratamento medicamentoso.”
A médica ainda afirma que quando o tratamento é realizado de forma adequada, os sintomas que constituem a síndrome tendem a desaparecer e é possível retornar a sua funcionalidade prévia. “Em casos de maior esgotamento em que estes sintomas persistem por mais tempo,é necessário uma avaliação detalhada para outras causas que podem envolver tanto doenças psiquiátricas como outras condições médicas como hipotireoidismo, apneia obstrutiva do sono ou a síndrome metabólica”, disse.