Competitividade, cobrança de resultados, forte concorrência, jornada estendida de trabalho, baixa remuneração e/ou valorização… esses são alguns dos fatores que podem resultar no tão famoso estresse ocupacional, que nada mais é do que uma resposta do organismo da pessoa a determinado estímulo ou situação vivenciada na empresa, e que ao atingir a vida desse profissional, a qualidade do serviço é, diretamente, impactada, o que acaba sendo prejudicial para a própria companhia também.
Entretanto, nem sempre a situação se inicia, necessariamente, no ambiente corporativo. O colaborador pode estar passando por problemas pessoais e o desgaste do trabalho acaba sendo o estopim. De acordo com o Dr. Marcus Todesco, médico e responsável pelo serviço de gestão de saúde da Magicel — consultoria de riscos empresariais, — é preciso enxergar o cenário como um todo.
“Um erro comum que cometemos é enxergar as pessoas como dissociáveis, quando, na verdade, é o oposto. Isto é, não temos como encaixar a vida em blocos, como se a vida pessoal não se ligasse à vida profissional, por exemplo. Tudo está interligado. Hoje o Brasil figura um dos primeiros lugares de incidência de doenças ocupacionais, então precisamos entender causas e diagnósticos”, explica o especialista.
E continua: “a hiperconectividade mesmo é um dos grandes malefícios que podem ocasionar em episódios de exaustão mental. Isso porque as pessoas precisam estar sempre conectadas e não se permitem mais nem o tempo do almoço, por exemplo. Assim, é importante que as pessoas se lembrem sempre da necessidade do momento de lazer, de prazer, e que não abram mão disso”, destaca.
Para aqueles que são atingidos pelo estresse ocupacional os efeitos podem ser diversos, variando de pessoa para pessoa a partir da sua capacidade de controlar a situação. Mas, no geral, mau humor, agressividade e episódios de choro são algumas das reações mais comuns. Se não tratado, a frequência de estresse acaba gerando desgaste físico e emocional, deixando o indivíduo mais suscetível a outras doenças.
Em vista disso está a importância da instituição compreender e eliminar, se possível, os agentes estressores. Todesco diz que é preciso que o profissional esteja no centro da empresa. “As companhias devem ter a noção de seus ambientes de trabalho, entender como está a tratativa deste espaço, se é gostoso para o colaborador estar inserido ali e, acima de tudo, estar aberta a uma escuta ativa. Isso não quer dizer que a gestão não deva cobrar responsabilidade ou que tenha que sair aumentando salários. É sobre ter um olhar humanizado para a equipe, empático, visualizando seres múltiplos ali. Garanto que os benefícios para ambos são os melhores”, finaliza.