A chegada das festas de fim de ano, psiquiatras do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) alertam para os riscos da combinação de psicotrópicos com bebidas alcoólicas. O efeito da mistura pode levar a sonolência excessiva, perda temporária de consciência, arritmia cardíaca, convulsões, lesões hepáticas, aumento do risco de acidentes e comportamento violento.
Considerando que uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia feita em 2021 apontou aumento de quase 20% na venda de medicamentos de uso controlado para depressão, ansiedade e insônia, existe a possibilidade de que o número de pessoas que misturam álcool com psicotrópicos também cresça.
De acordo com o Dr. Michel Haddad, psiquiatra do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), quando uma pessoa mistura psicotrópicos com bebida alcoólica, a metabolização da combinação pode diminuir a eficácia do medicamento e intensificar os efeitos colaterais esperados agravando os problemas psiquiátricos. Estão mais vulneráveis aos perigos dessa combinação os pacientes com transtornos ansiosos, de humor, síndromes psicóticas e com transtornos de personalidade.
O impacto do álcool no sistema nervoso central pode diminuir o nível de consciência e propiciar episódios de instabilidade emocional. O consumo em excesso de bebidas alcoólicas também pode causar problemas gastrointestinais (diarreia e vômito), perda dos reflexos e insônia. Nesses casos, o ideal é procurar por atendimento médico e evitar a automedicação.
Para o Dr. Michel Haddad, os tradicionais brindes das festas de fim de ano colaboram para o aumento do consumo de bebidas alcoólicas. “Inúmeros medicamentos psicotrópicos interagem com o álcool. Por isso, torna-se impossível prever qual reação a combinação causa no emocional e no físico de quem faz a mistura. Por isso, quem estiver em tratamento com psicotrópico deve evitar beber”, explica.
O médico também contraindica o uso de medicamentos para combater a ressaca devido à imprevisibilidade do impacto da mistura no organismo. “Deve-se combater o hábito de festejar ou amenizar frustrações com bebidas alcoólicas. Esse comportamento é nocivo principalmente para pessoas em tratamento com antidepressivos, ansiolíticos e hipnóticos porque pode desencadear crises em um curto período. Porém, mesmo causando mal à saúde física e mental muitos pacientes abandonam os remédios para continuar a beber”, lamenta.