Nesta sexta-feira, 16 de maio, foi celebrado o Dia Mundial de Conscientização da Doença Celíaca, uma condição autoimune crônica que, embora comum, ainda é pouco diagnosticada no Brasil. Segundo a Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA), cerca de 1 em cada 100 brasileiros convive com a doença, a maioria sem diagnóstico.
A doença celíaca é uma condição autoimune. Ocorre quando o organismo reage ao glúten, proteína presente no trigo, centeio, cevada e aveia, atacando o próprio intestino delgado. Com o tempo, isso gera inflamações e lesões que prejudicam a absorção de nutrientes e podem desencadear anemia, osteoporose, infertilidade, outras doenças autoimunes e até câncer intestinal.
“O grande desafio é que a doença muitas vezes se manifesta de forma silenciosa ou com sintomas inespecíficos, como fadiga, dores abdominais, diarreia e perda de peso. Por isso, muitos pacientes passam anos sem saber que têm essa condição”, explica o Prof. Dr. Durval Ribas Filho – médico nutrólogo, Fellow da Obesity Society FTOS (USA), presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) e docente da pós-graduação CNNUTRO.
O tratamento e o que eliminar da dieta
Atualmente, não há cura para a doença celíaca. O único tratamento eficaz é seguir uma dieta 100% livre de glúten por toda a vida. “Mesmo com o avanço do mercado de produtos sem glúten, ainda é essencial ler os rótulos com atenção. O glúten pode estar presente em molhos prontos, caldos, embutidos, temperos industrializados e até em alguns laticínios processados”, alerta o especialista.
O que eliminar da dieta:
- Trigo, aveia, centeio, cevada
- Pães, bolos, massas, biscoitos, pizzas, quibe
- Cerveja, uísque, vodka e qualquer bebida com malte
- Produtos industrializados, embutidos e temperos comerciais
Alimentos seguros para celíacos:
- Frutas, verduras, legumes
- Carnes e peixes naturais
- Arroz, milho, batata, mandioca, quinoa
- Laticínios (desde que livres de glúten)
- Temperos naturais e óleos puros
- Doces como chocolate amargo e geleias naturais
Diagnóstico e acompanhamento nutricional
O diagnóstico é feito por meio de exames de sangue e, em alguns casos, por biópsia do intestino delgado. O ideal é que os testes sejam realizados antes de iniciar qualquer tipo de restrição alimentar, para não comprometer a precisão dos resultados. Nesse processo, o papel do médico nutrólogo é decisivo. Esse especialista avalia o estado nutricional do paciente, corrige possíveis deficiências causadas pela má absorção de nutrientes e orienta uma dieta segura e completa.