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rojetar ambientes que priorizam aspectos emocionais, além de parâmetros técnicos de legislação, ergonomia e conforto: isso é a neuroarquitetura. Um conceito que tem sido aplicado por estabelecimentos preocupados em criar espaços mais acolhedores e funcionais, especialmente adaptados à população com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Como é o caso da Luna ABA, em Curitiba (PR), uma clínica especializada na Análise do Comportamento Aplicada que tem visto na neuroarquitetura a solução para oferecer um ambiente terapêutico inclusivo.
Entre salas de atendimento, áreas de refúgio, salas de regulação sensorial, espaços para atividades físicas e estúdio para treinos de tarefas de vida diária, a Luna ABA pretende incorporar neuroiluminação adaptada, design biofílico integrado e ferramentas de navegabilidade para garantir um fluxo natural e facilitado aos aprendizes. “O objetivo é criar espaços funcionais que promovam saúde, concentração e bem-estar geral dos usuários da clínica, reafirmando o compromisso com a qualidade de vida das pessoas autistas e suas famílias”, explica a arquiteta da Blan Neuroarquitetura, Bianca Troyner. Ela é mãe de uma criança austista e, após receber o diagnóstico do filho, passou a aprofundar seus conhecimentos em áreas da arquitetura que pudessem ser aplicadas tanto dentro quanto fora de casa.
Ser humano no centro
O Transtorno do Espectro Autista é uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo, diagnosticada em uma a cada 36 crianças, conforme dados do Centers for Disease Control and Prevention, dos Estados Unidos, Por isso, torna-se crucial a mudança na maneira de lidar com a diversidade neurocognitiva e criar ambientes de trabalho mais acessíveis pode ser um primeiro passo. “Compreender as necessidades específicas de cada pessoa no espectro é fundamental para valorizar a contribuição única que esses indivíduos podem oferecer, proporcionando um atendimento eficaz e humanizado”, destaca a diretora da Luna ABA, Natalie Brito.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o TEA representa desafios significativos no convívio social, na comunicação verbal e não verbal, e nos interesses por atividades repetitivas. Mas cada indivíduo no espectro autista possui suas particularidades, precisando de uma identificação precoce e de um acompanhamento continuado para mudar a rota de desenvolvimento e melhorar a qualidade de vida. Nesse cenário, clínicas que centralizam todo o cuidado e acompanhamento em um único lugar podem melhorar significativamente a eficiência e a integração dos serviços oferecidos.
“Vemos na prática a importância da colaboração entre psicologia, educação, terapia ocupacional e fonoaudiologia para proporcionar um atendimento personalizado e completo a cada paciente. É por isso que a Luna ABA enfatiza essa centralização, com um cuidado integral que facilita o acompanhamento contínuo e o desenvolvimento dos pacientes”, afirma Natalie.
Futuro mais inclusivo
Com a aplicação da neuroarquitetura, espaços como salas de terapia sensorial e interação social ganham novas dimensões de acolhimento. Esse é o propósito da Luna ABA com seu projeto que inclui elementos como cores calmantes e implementa diretrizes para o zoneamento sensorial, evidenciando uma abordagem centrada nas necessidades dos pacientes. Além disso, a clínica contará com uma horta e um espaço pet, ampliando as oportunidades de aprendizado. “Existem diretrizes projetuais específicas para atender o público autista e as utilizamos de forma primordial em nossos projetos. Os espaços são arranjados não somente pelo uso, mas também pelos estímulos sensoriais ofertados,” conta a arquiteta, que integra a Academy of Neuroscience for Architecture.
“Nosso compromisso é com a qualidade de vida e o desenvolvimento dos pacientes. Por isso, o novo ambiente vai refletir toda dedicação em oferecer o melhor atendimento possível,” afirma a diretora da Luna ABA. Com espaços projetados para inspirar e acolher, o projeto da clínica da capital paranaense tem previsão para ser entregue até dezembro e irá marcar uma nova fase de cuidado. “Queremos transformar vidas, e sabemos que a neuroarquitetura será uma importante aliada para acolhermos as diferenças e moldarmos o futuro”, conclui Natalie.