A dopamina é um neurotransmissor responsável por levar informações para várias partes do corpo e, quando é liberado provoca a sensação de prazer e aumenta a motivação. Além estar relacionada com as emoções e processos cognitivos, capacidade de atenção, aprendizado, também está presente em distúrbios neurológicos e psiquiátricos como doença de Parkinson, esquizofrenia ou TDAH, entre outros.
Quando estamos prestes a vivenciar algo que esperamos, ou lidando com fortes emoções, nosso corpo passa a produzir mais dopamina, estimulando sentidos como entusiasmo, esperança, excitação, alegria, felicidade e bem-estar, assim como ansiedade, desespero, agressividade, sofrimento com pensamentos mais negativos. Neste aspecto, é possível associar o excesso de dopamina com desenvolvendo pensamentos obsessivos e até intolerantes, que é o que acontece quando uma pessoa se torna fanática por algo ou alguém.
De acordo com o psicólogo comportamental cognitivo, Emerson Viana, um dos fatores que podem levar uma pessoa a se tornar fanática ou obsessiva por algo é alta produção de dopamina em nosso organismo e diretamente ligada aos pensamentos que cultivamos e o ambiente que vivemos. “Ao passo que dedicamos atenção a algo que gere expectativa, nosso organismo começa a produzir a dopamina e estimular as emoções que nos motivam. Dependendo do ambiente em que estamos inseridos e os pensamentos que adotamos, os sentimentos potencializados podem nos tornar muito mais intolerantes e agressivos à pensamentos opostos ao nosso” – explica o psicólogo.
Em períodos decisivos como os de eleições, por exemplo, é comum que as pessoas dediquem sua atenção e energia aos noticiários, aos candidatos e todo o entorno e como as coisas se manifestam, afinal o veredicto final é dado pela população, através do voto. Porém, algumas pessoas desenvolvem um maior interesse, dedicando mais atenção que outras, o que desencadeia emoções, capazes de gerar mais dopamina e potencializar ainda mais as emoções, gerando comportamentos fanáticos e destrutivos para si próprio e para seu entorno.
“O diagnóstico inicial não é fácil porque a pessoa não percebe que está tendo comportamentos mais agressivos, geralmente são os familiares e amigos que percebem e sugerem que a pessoa procure por ajuda” – comenta Emerson. O ideal é que seja muito mais difundido os males que o fanatismo pode causar para que as pessoas possam identificar os sintomas e ter consciência dos riscos e consequências que alimentar essas emoções podem causar na vida do indivíduo.
A terapia é e sempre será uma ferramenta essencial para o autoconhecimento em qualquer fase da vida. Conhecer suas forças e suas fraquezas pode evitar que uma pessoa caia em armadilhas como essa. Todo diálogo é válido, e sempre haverá opiniões opostas, porém, tudo deve ser medido de forma respeitosa e saudável.