O Teatro da Praia inicia o Mês do Dia Mundial do Teatro com esquetes que se destacaram no 22º FESFORT – Festival de Esquetes de Fortaleza, que nessa edição teve o apoio do Governo do Estado do Ceará através da SECULT/CE pela lei Paulo Gustavo. O público pôde conferir gratuitamente, de 21 a 25 de fevereiro, cinco dias de muita teatralidade onde 20 espetáculos de curta duração, que se apresentaram para um publico ansioso em prestigiar a produção teatral cearense. Quatro peças premiadas no Fesfort foram convidadas para o “Curta Esquete” e se apresentarão neste sábado e domingo, sempre às 20h: “Hamlet como você nunca viu”, “Paola CrossFox, A Atleta das Emoções”, “Pato, a morte e a Tulipa” e “Rasga Mortalha”. As peças vão fazer o publico se emocionar, se divertir, refletir e principalmente perceber como anda a produção teatral do Ceará.
Mas o que é esquete?
Sabemos que teatro envolve uma interação direta com o espectador. Em peças de duração maior, há um tempo para que os artistas revelem elementos e capturem a plateia. Um tempo dilatado, no qual o espectador poderá caminhar calmamente, desfrutando e talvez distinguindo as diversas nuances da obra.
Nas esquetes, o tempo é compacto e exige do espectador outro ritmo de assimilação. Os elementos cênicos, bem como todas as ideias e reviravoltas em questão, precisam se fazer eficientes num curto intervalo, de poucos minutos.
Esta outra condição, trazida pelo esquete, muda de certa forma a estrutura dramatúrgica, o pensamento cênico armado pela direção, e a relação ator-platéia. O que não pode ser visto como um entrave na teatralidade. A esquete possui outra natureza, apenas.
Todos somos cada vez mais bombardeados por novos códigos e ligeiramente precisamos decodificá-los, numa constante reeducação. Este “tudo ao mesmo tempo” é um traço da contemporaneidade. O esquete parece se adequar a esta forma de entendimento que se faz do mundo. Mas como não cair na superficialidade? Como torná-lo uma obra de validade própria?
Por outro viés, a esquete pode ser um excelente meio para experimentação de novas linguagens. Uma modalidade inicial de construção cênica para muitas montagens que futuramente adquirem formatos mais alongados. Há também muitos grupos que se formam e iniciam um pensamento teatral próprio através da montagem de esquetes.
Hamlet como você nunca viu
Hamlet, de William Shakespeare, é uma obra clássica permanentemente atual pela força com que trata de problemas fundamentais da condição humana. A obsessão de uma vingança onde a dúvida e o desespero concentrados nos monólogos do príncipe Hamlet adquirem uma impressionante dimensão trágica. Nesta versão, o Grupo Teatral Prestatenção, busca mostrar um Hamlet, como você nunca viu. Da tragédia para uma comédia pastelão e com muita vergonha alheia, contada do ponto de vista de Horacio o amigo fiel de Hamlet.
GRUPO/CIA.: Grupo Teatral Prestatenção
TEXTO: William Shakespeare adaptado por Cristiano Marques
DIREÇÃO: Cristiano Marques
ELENCO – Cristiano Marques.
Paola Crossbox, a atleta das emoções
CROSSBOX Paola CrossBox é uma levantadora de peso, Coach e Atleta das Emoções. Neste trabalho, Paola faz uma demonstração técnica de como funciona o seu árduo treinamento psicofísico, explorando e brincando com as intensidades das emoções até que se depara com um bloqueio no exercício da Tristeza, convocando a plateia e as outras emoções como aliadas para resolver esta questão.
TEXTO: Fernanda Duarte Pimentel
DIREÇÃO: Alysson Lemos e Neto Holanda
ELENCO – Fernanda Duarte
Pato, a morte e a tulipa
O enredo conta a história de um pato que percebe que uma mulher misteriosa está o seguindo. Ele leva um susto ao descobrir que ela é a morte, mas aos poucos aceita sua companhia ao notar que ela é amigável. Ela, por sua vez, torna-se amiga dele e passa a desfrutar mais da vida. Mas, afinal, qual é o papel da tulipa na história? Só o público poderá descobrir.
TEXTO: autor Wolf Erlbruch, adaptação de Junior Martins
DIREÇÃO: Georgiana Neves
ELENCO – Junior Martins e Leuise Furtado- Morte
Rasga Mortalha
Um corpo é encontrado na periferia y logo vira alvo de sensacionalismo, especulação y fake news por parte da mídia especializada, comunidade y possíveis pessoas a quem o corpo pertence. Apesar disso, a dúvida permanece: afinal, de quem é o corpo? Qual sua cor? A pessoa que morreu sou eu? É você? Acompanhamos o cortejo das Rasga Mortalha, as corujas-erês que anunciam a chegada da alma no mundo espiritual, que é recebida com amor, acolhimento e
entendimento.
GRUPO/CIA.: Coletivo Rasga Mortalha
TEXTO: Criação coletiva
DIREÇÃO: Amanda Quebrada
ELENCO – Ananda Afiada, Sabrina Morais, Matheus Yank, Cida Araújo, Carol Pires, Nayma Lima, Jean Brito, Mazé, Dante, Lobo, Manu, Cintia, Di, Átila.
Fesfort
O Festival de Esquetes de Fortaleza (Fesfort) é um evento cultural que agita a cena teatral da cidade. Realizado anualmente, o Fesfort tem como objetivo fomentar a produção teatral local, valorizar artistas e incentivar a diversidade de linguagens cênicas. O festival apresenta esquetes de vários gêneros, estilos e temáticas, proporcionando diálogo com o público e reflexões. Muitos dos destaques são grupos teatrais da periferia de Fortaleza, demonstrando a qualidade e diversidade da produção artística local.
A esquete “Rasga Mortalha”, do grupo homônimo, alunos da Escola de Teatro Periféricos no bairro Bom Jardim, foi o grande destaque da última edição, conquistando três prêmios: Melhor Esquete pela comissão, atriz coadjuvante (Ananda Afiada) e direção (Amanda Quebrada). A peça aborda questões sensíveis, como sensacionalismo, especulação e fake news em torno de um corpo encontrado na periferia.
Serviço
Curta Esquete
Data: 02 e 03 de março de 2024
Local: Teatro da Praia (Avenida Monsenhor Tabosa 177 – Praia de Iracema)
Instagram: @teatrodapraia
Ingressos: R$ 20 / 10 (meia