Nos últimos tempos, o número de ataques violentos às escolas tem aumentado de maneira assustadora e extremamente preocupante no Brasil. O que antes era manchete de jornal em países distantes, tornou-se uma triste realidade na mídia brasileira e um motivo de preocupação e temor para todos os envolvidos no ecossistema da educação – estudantes, professores, gestores, entidades do setor, famílias e governos.
Por conta da importância e da gravidade do tema, algumas reflexões são necessárias para que atitudes sejam tomadas. Temos de começar pelo aspecto fundamental: entender que a escola é um lugar de convivência – um ambiente físico onde o estudante se reconhece e encontra os amigos. E é justamente o ambiente físico e o relacionamento interpessoal que formam a equação perfeita para o aprendizado.
A escola é um ambiente que lida, todos os dias, com valores humanos e com conhecimentos. Os estudantes aprendem respeito quando estão em grupo, justiça quando veem o tratamento igualitário dado a todas as pessoas, a importância da diversidade, a gratidão e a generosidade.
Por que, então, esse espaço tão importante, tão sagrado e gerador de uma herança fundamental para a sociedade virou alvo de ataques violentos mais frequentes?
Quando uma pessoa ataca criminosamente uma escola, ela coloca para fora toda frustação e raiva contra uma instituição que tem valores muito bem definidos e elevados.
Não podemos esquecer que os recentes atos de violência dentro de escolas, comumente atribuídos ao desequilíbrio de algumas pessoas, retratam, também, o estado de desvalorização da instituição escolar em um contexto geral.
Claro que a questão da segurança é um fator que precisa ser reforçado, sem dúvida. Porém, os agentes públicos responsáveis pela educação escolar claramente se descuidaram desse ponto. O ambiente escolar, a escola, vem sendo desrespeitada há tempos. São inúmeros os exemplos que retratam essa situação.
Diante deste cenário, tão grave, cabe a todos nós, educadores, famílias, escolas e setor público, adotarmos uma postura de resistência à violência. Um pacto de resistência, como aqui conclamo, passa pela consciência da nossa responsabilidade como cidadãos, como família, como sociedade.
As próprias instituições de ensino e entidades do setor precisam se posicionar perante os governos cobrando mais medidas de segurança e atenção para o problema, além de campanhas de conscientização e, especialmente, de valorização das escolas.
As famílias, ponto-chave aqui, precisam se envolver diretamente no problema. Um primeiro passo é não mais compartilhar e dar crédito às Fake News difundidas em grupos de pais nos aplicativos de mensagens, mas usar esse espaço de comunicação para propagar a importância da escola no aprendizado de convivência para seus filhos. Não ser violento e ter um discurso positivo, que valorize o ambiente escolar, em vez de diminuí-lo, como o fazem com frequência.
Cabe a toda comunidade escolar (escola, educadores e famílias) e ao ecossistema da educação (incluindo entidades e governos) resistir à violência a partir de atitudes sérias e responsáveis. É assim que deixamos um precioso legado para o futuro da sociedade, calcado no nobre ato de ensinar e aprender.
Prof. Fernando Maluf – email: fernando.maluf@ftdse.com.br
Graduado em: Engenharia Metalúrgica, em Pedagogia e em Administração Escolar, Gestão de Negócios e professor de Química. Especializou-se na área de educação, hoje com 48 anos de experiência, atuando em gestão de unidades de negócios na área educacional, gestão administrativa de escolas, direção pedagógica, estudos de projetos curriculares e implantação de sistemas estruturados de ensino em redes de escolas, em especial, públicas.
Coordenou grupos de estudos, implantou planos diretores, procedimentos administrativos, além da gestão orçamentária e participação na redefinição da política econômico-financeira de escolas.