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    Que mulher nunca foi chamada de difícil? Katherine Heigl sabe bem como é

    ByRenata Maia

    jun 23, 2023

    Que mulher nunca foi chamada de difícil? E quando o adjetivo pejorativo vem acompanhado de outro ainda pior: louca? Mas, afinal de contas, o que é ser uma mulher difícil? Para a maioria das pessoas, em especial os homens, a mulher difícil é aquela que impõe limites, exige respeito, não aceita permanecer em situações de desconforto ou violência (seja de qualquer espécie) e que se faz ouvida. É a mulher que não de diminui para caber em espaços que não a merece.

    Há alguns dias, as atrizes Katherine Heigl e Ellen Pompeo, ambas ex- Grey’s Anatomy, se reuniram para uma aparição no quadro Actors on Actors, da Variety. Durante a entrevista, Heigl foi indagada sobre sua fama de “difícil”.

    Mas, antes, um breve resumo do motivo que fez a atriz ser tachada como tal por anos e, até mesmo, hostilizada pela mídia:

    Em 2008, durante a sexta temporada e Grey’s Anatomy, uma das séries mais aclamadas e assistidas do mundo, o nome de Katherine Heigl, sem nenhum motivo ou justificativa plausível, foi retirado da competição ao Emmy.

    Em sua defesa, Heigl, que interpretava a médica Izzie Stevens, alegou não ter recebido material à altura para ser merecedora de uma premiação, clara crítica a série. Mas, a questão não é essa. A problemática se deu em torno de uma mulher que expos sua opinião, mesmo sabendo que desagradaria grandes nomes da indústria cinematográfica e aos fãs.

    A questão aqui não é se ela estava certa ou errada em relação a opinião sobre a qualidade da série e do material repassado a ela, seja pelo personagem propriamente dito ou pela produção de um modo geral. O x da questão é hostilizar por anos uma mulher que ousou se posicionar publicamente e sustentou suas opiniões, quando homens fazem o mesmo desde que o mundo é mundo.  Afinal, infelizmente, já conhecemos bem essa sistemática: a mulher que se impõe é difícil. O homem que se impõe é confiante.

    Contextualização feita, voltemos a entrevista. Após a famigerada indagação, Katherine Heigl afirmou: Não sou uma pessoa rude. Não destrato as pessoas, nem faria ninguém se sentir desconfortável intencionalmente. E não deixaria de ser profissional, porque amo o meu trabalho. Mas continuarei a me impor e me defender.

    Se parasse por aí, já mereceria palmas, mas a atriz foi além dizendo “Não vou abdicar do meu direito de ser ouvida, de ser tratada de forma respeitosa e profissional. Tenho o direito de impor limites, eu sou uma mulher forte e não vou me desculpar por isso”.

    Para a mulher, fugir da dita normalidade da sociedade patriarcal (deixando de lado a submissão, reivindicando espaço, exigindo direitos, sendo ouvida, lutando pelo que acha justo, combatendo a violência de gênero e tantas outras batalhas que mulher moderna precisa enfrentar) é o caminho mais curto para receber o rótulo de difícil, ou pior: louca. E, infelizmente, livrar-se dele é quase impossível.

    Para Hipócrates, médico grego considerado “pai da Medicina”, o útero era a matriz da condição médica conhecida por séculos como histeria feminina.

    Medo, insônia, retenção de líquidos, irritabilidade, desejos sexuais e quaisquer outras características que pudessem ser indicativos de insubordinação às regras sociais para o comportamento feminino da época, eram indícios suficientes de que a mulher estava histérica e, sendo assim, deveria ser submetida aos invasivos tratamentos de histeria feminina.

    Qualquer semelhança com o presente não é mera coincidência. As raízes do machismo e da violência de gênero geram frutos amargos até hoje. Mas, se você é chamada de “difícil” por não permitir ser desrespeitada, continue!

    By Renata Maia

    Jornalista, assessora de imprensa, mestre em marketing e mãe. Não necessariamente nessa ordem. Vivendo as dores e delícias de ser mulher em tempos atuais. Despindo-se e vestindo de novo a própria alma com força, louvor e alegria. Ser mulher é reinventar-se. Vamos juntas!

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