Nos últimos dias, o Estado de São Paulo apresentou casos e até mortes confirmadas por febre maculosa, já classificada como um surto pelas autoridades sanitárias. A doença infecciosa é causada por uma bactéria transmitida pelo carrapato da espécie amblyomma cajennense, conhecido popularmente como carrapato-estrela, e seus sintomas são semelhantes aos de outras infecções, como a dengue, o que pode dificultar o diagnóstico. Mesmo assim, atenção redobrada e alguns cuidados podem ajudar a prevenir a doença ou a identificá-la a tempo de iniciar o tratamento e evitar complicações.
Transmissão e sintomas
A transmissão da doença ocorre quando o carrapato-estrela infectado com a bactéria fica fixado na pele humana por, no mínimo, quatro horas. Esse carrapato é comum em áreas de muita natureza, em animais de grande porte (cavalos, bois etc.) e silvestres, como a capivara, não excluindo a possibilidade de encontrá-lo, também, em cães, aves domésticas e roedores. Depois de infectada, a pessoa pode levar de dois a 15 dias para manifestar sintomas. Os quadros infecciosos podem se apresentar de forma leve, moderada ou grave.
Os sinais iniciais da doença são parecidos com a de outras infecções, causando febre alta, dores musculares, abdominais e de cabeça, falta de apetite, náuseas, vômitos e diarreia. Em seguida, podem surgir manchas avermelhadas pelo corpo do paciente, incluindo as palmas das mãos e a sola dos pés, que aumentam de tamanho e se tornam lesões salientes. Percebido qualquer um desses sintomas, a recomendação é a busca por atendimento médico imediato, já que quadros graves são difíceis de serem revertidos, podendo levar à morte.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da febre maculosa é possível por meio de análises laboratoriais, realizadas após coleta de sangue, ou biópsias das lesões da pele.
O tratamento, por sua vez, é realizado por meio de antibióticos específicos e deve ser mantido até o terceiro dia de resolução da febre, orienta Clara Buscarini, médica chefe do Departamento de Infectologia da Prevent Senior. “É importante mencionar que o tratamento deve ser iniciado quando há suspeita de febre maculosa, antes mesmo do resultado laboratorial. A precocidade do início de tratamento é determinante na diminuição do risco de evoluir a óbito”, complementa a especialista. Ainda de acordo com Clara, há casos em que a internação do paciente também pode ser necessária no período de tratamento.
Prevenção
A melhor forma de prevenção à febre maculosa é evitar o contato com o carrapato-estrela, especialmente as formas mais jovens, que são predominantes entre os meses de junho e novembro, pelo fato de serem mais difíceis de percebê-los. Para isso, é importante evitar locais de mata e com alta incidência de carrapatos e, quando isso ocorrer, roupas e calçados adequados são as formas de proteção.
Você precisa saber!
Para retirar um carrapato do seu corpo, você nunca deve esmagá-lo ou forçá-lo a sair com agulha ou palito de fósforo quente, ações que são popularmente divulgadas como eficazes. Essas atitudes aumentam as chances de transmissão da bactéria, que inclusive pode penetrar em pequenas lesões na pele. O correto é retirá-los com cuidado, por meio de uma leve torção ou com o uso de uma pinça, e depois lavar a área da mordida com álcool ou sabão e água.