O câncer de estômago tornou-se assunto bastante comentado desde o dia 11 de maio, quando repercutiu, em todo o país, a notícia sobre o falecimento da jogadora de vôlei Paula Borgo, de 29 anos. A atleta descobriu o tumor em setembro do ano passado, durante exames de rotina do clube em que era contratada. Ao contrário da faixa etária da esportista, esse tipo de tumor atinge normalmente uma idade mais tardia, acima de 65 anos. A oncologista clínica Dra. Luciana Campos, do Centro Regional Integrado de Oncologia – CRIO, esclarece quais os sintomas da doença e se essas alterações genéticas podem ser transmitidas de geração em geração.
“Existem vários tipos de câncer de estômago, uns mais agressivos do que outros. Dependendo do período em que foi feito o diagnóstico, a localização do tumor, para onde disseminou, e se está afetando as funções de outros órgãos no corpo, se é um caso mais avançado, provavelmente, a evolução também se torna mais rápida”, explica a médica que revela ainda não haver sinais específicos na fase inicial da doença.
“Infelizmente, os sintomas ainda são vagos, como náuseas, vômitos, “empachamento”, azia, sensações que também são causados por outras alterações que não seja propriamente um câncer”, ressalta a especialista, que destaca ainda, algumas condições que devem ser observadas como alerta: sangue nas fezes, perda de peso importante (mais do que 10% do seu peso em 6 meses) e desconforto abdominal persistente.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer gástrico, que matou a atleta, é um câncer originário, em que células crescem de maneira desordenada na região estomacal e podem se desenvolver lentamente ao longo de muitos anos. O tumor é considerado o quarto tipo mais frequente entre os homens e o sexto entre as mulheres no Brasil.
Segundo a oncologista, esse tipo de câncer não é comum na juventude, e quando existe a dúvida do paciente quanto ao aumento do risco de desenvolvimento da doença de acordo com o seu histórico familiar, é que entra em cena a oncogenética, um campo da ciência que estuda especificamente a predisposição hereditária ao câncer. Essa área vem apresentando grandes avanços, principalmente devido a maior facilidade ao acesso a exames que possibilitam avaliar possíveis alterações no DNA (mutações), as quais podem ser transmitidas entre gerações futuras. Para saber se há hereditariedade da doença, a médica explica o que fazer.
“O primeiro passo é passar por uma consulta de aconselhamento genético onde será analisada toda a história familiar daquele paciente. Existem síndromes genéticas que causam câncer de estômago em idade jovem. Quando indicado, pode ser feito um exame de sangue ou saliva para identificar os possíveis portadores dessa síndrome”, esclarece.
Diagnóstico, tratamento e prevenção:
O câncer é detectado por meio de uma endoscopia digestiva alta, exame que permite visualizar o estômago e esôfago, além de biópsia. Se confirmada a doença, é feita uma tomografia computadorizada para avaliar a extensão do tumor. O tratamento passa por cirurgia e quimioterapia.
Para prevenir a doença, o Inca recomenda evitar o consumo de bebidas alcoólicas, de alimentos salgados ou mantidos em sal, não fumar e manter o peso adequado.