A história mostra que existiram vários métodos de tratamento de água e como isso foi fundamental para a evolução da nossa espécie. Já em 2000 a.C as pessoas já estabeleciam métodos de tratamento, os primeiros documentados são encontrados em artigos escritos por gregos que sugeriam aquecer a água fervendo-a e usando ao sol. Além disso, discutiam também métodos de filtragem da água usando cascalho e areia. O principal motivo na época era tornar a água mais saborosa, pois não conseguiam identificar a diferença entre a água suja e a limpa.
Os tratamentos em larga escala demoraram a surgir. Foi somente em 1600 d.C. que uma ideia de tratamento para purificar grandes quantidades de água começou a entrar em ação. Em 1671, o filósofo e cientista inglês Sir Francis Bacon tentou remover partículas de sal da água do mar. Ele usou um sistema de filtragem de areia cavando perto da costa, permitindo que a água fluísse e, esperançosamente, a purificasse. Embora isso não tenha sido um grande sucesso, serviu de base para futuros experimentos de outros cientistas.
Foram muitos os estudiosos que contribuíram para que a prática de tratamento de água evoluísse junto com o crescimento significativo da população mundial. E os benefícios para a saúde tornaram-se claros no século XIX. Os surtos de cólera diminuíram, assim como a febre tifóide. Mas a vitória de diminuir as doenças transmitidas pela água durou pouco, pois foi descoberto que o cloro evaporava muito rápido. Isso levou cientistas de todo o mundo a procurar outras alternativas para desinfetar a água. Em 1902, o hipoclorito de cálcio foi adicionado à água na Bélgica, desinfetando e coagulando. Em 1906, os cientistas introduziram o ozônio como desinfetante na França. Junto com essas descobertas, as famílias começaram a instalar sistemas de purificação de água em suas casas.
Os padrões de água potável foram implementados nos EUA em 1914 para o abastecimento público. Os padrões de água potável municipal foram seguidos na década de 1940. Já a Lei de Água Potável Segura (SDWA) surgiu em 1974. O objetivo desses atos era garantir que todos tivessem acesso a água potável, limpa e segura, e tem o princípio geral hoje de que todos ao redor do mundo devem ter acesso a água nestas condições.
Desde 2010, a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece a água como um direito humano, independente da condição social, econômica, cultural, de gênero ou etnia do indivíduo. Porém, o acesso à água tratada ainda não é uma realidade universal. Recente relatório da Unesco aponta que mais de um quarto das pessoas em todo o mundo (46% da população) sofrem com a falta de água potável e não têm acesso a saneamento básico. Este problema deve atingir até 2,4 bilhões de pessoas até 2050. Da mesma forma, esse impasse também atinge o Brasil, embora o abastecimento de água já beneficie mais de 99% das nossas cidades.
A escassez de saneamento básico, como já é sabido, é um grande vilão para a saúde e, consequentemente, para os cofres públicos. Levantamento do Instituto Trata Brasil divulgado no fim de 2021 apontou que a falta de saneamento básico causa 273 mil internações em um ano no Brasil. O relatório destacou ainda que mais de 2,3 mil pessoas morreram por não terem acesso à água tratada em 2019. Os números nos mostram que se trata de um problema de extrema gravidade e que deve ser encarado como prioridade não só pelo Estado, mas também por empresas do setor privado.
Uma das ferramentas criadas para otimizar o saneamento básico em nosso país e solucionar o problema apontado acima foi o Novo Marco Legal do Saneamento, que estabeleceu que até 2033, 99% dos brasileiros tenham acesso a água potável e 90% à coleta e tratamento de esgoto. No entanto, o Estado infelizmente não tem os recursos necessários para realizar os investimentos necessários para atingir a meta estipulada. Visto isso, acredito que a principal solução esteja em conceder para o setor privado autonomia para investimentos e ações que visem não só melhorias para todo o ecossistema, mas em especial para a população, que é a frente que mais sofre com ausência de qualidade no saneamento básico e qualidade de água. Acredito que a iniciativa privada pode e deve desenvolver um papel fundamental para que as metas estipuladas pelo Novo Marco Legal do Saneamento sejam, de fato, alcançadas.
É importante que se invista cada vez mais em inovação e tecnologia, bem como na fabricação de produtos químicos, para criarmos melhores soluções de coagulantes e floculantes. A história já nos mostrou que o abastecimento de água potável e de esgoto impacta diretamente a saúde dos brasileiros. Por isso, devemos ter o saneamento básico como uma das grandes prioridades do nosso país.
Faz parte da nossa natureza colaborar pela evolução da água. Avançamos a química de centenas de empresas e municípios que tratam água todos os dias. Quando melhoramos a qualidade da água, melhoramos também a qualidade de vida das pessoas, dos negócios e do meio ambiente.
Pedro Francisco é COO da Projesan Water & Co.
O executivo possui mais de 10 anos na empresa, que é especializada no tratamento de água no segmento B2B. A empresa vem aumentando sua presença em nível nacional dentro deste setor e a ampliação de suas operações fez com que a média de crescimento subisse para 45% nos últimos cinco anos. A abertura da nova e estratégica planta de Capivari/SP está dando vazão às demandas de todo o mercado do sudeste e centro-oeste, atingindo níveis recordes de produção, contando ainda com a planta matriz em Gaspar/SC.