No último primeiro de maio, aconteceu um dos eventos mais esperados pelos fashionistas e apaixonados por moda, o Met Gala, realizado anualmente pelo Metropolitan Museum of Art (Museu Metropolitano de Arte) de Nova York e considerado um dos mais importantes eventos de moda dos Estados Unidos.
Um dos objetivos do evento, que oficialmente é chamado de “Evento Beneficente do Instituto de Vestuário do Met”, é arrecadar fundos para o Museu. Os looks podem ser simples e elegantes ou criativos e espalhafatosos. Muitos, claro, nada convencionais.
A exposição deste ano do Costume Institute foi ““Karl Lagerfeld: A Line of Beauty”, que celebrou toda a vida e obra de Karl Lagerfeld. Nada mais coerente que o código de vestimenta fosse em homenagem ao estilista.
Dentre tantas celebridades conhecidas e aclamadas que passaram pelo tapete vermelho do Met Gala 2023, a atriz Anne Hathaway foi uma das que mais chamou a atenção do público e dos críticos. Pérolas usadas nas coleções Chanel de Karl Lagerfeld, com assinaturas Versace, arremataram o look icônico da eterna Andrea, de Diabo Veste Prada.
O vestido levou 450 horas para ficar pronto e possuía alfinetes com valor equivalente a quase R$ 2,5 mil reais, feitos especialmente para brilhar no tapete vermelho do Met Gala 2023. Mas, mais que a beleza da atriz, que o vestido exuberante, que a maquiagem impecável, o que me chamou mais atenção foi uma lembrança antiga.
Imediatamente, recordei de uma entrevista dada por Hathaway, há alguns anos, falando em como se sentia durante eventos como o Met Gala e tantos outros, onde os holofotes se voltavam ainda mais sob os corpos femininos e aguçavam as inseguranças, aumentando as cobranças por padrões inalcançáveis.
“Só me lembro de estar tão assustada de ir para toda aquela temporada de premiações e fazer o que eu achava que tinha de fazer. Eu nem comi naquele Natal. Eu odeio dizer isso… Meu pai estava fazendo uma torta e eu só beslicava porque eu achei que tinha que ser uma certa.. que estrelas de cinema tinham um certo corpo e, você sabe… Eu estava com tanto medo e fumando. Desculpa dizer isso para todo mundo, mas eu estava fumando por conta da minha ansiedade e eu não estava comendo. E aí, corta para 10 anos depois, eu aprendi a dizer obrigada a vida, tentando absorver só o melhor, me nutrindo, cuidando de mim, sem ficar pedindo desculpas por ocupar espaços – o que é uma coisa que eu não sabia fazer dez anos atrás. Foi uma jornada e eu não pareço muito diferente (fisicamente), mas eu sinto que por dentro me transformei muito. E sim. Eu amo muito aquela menina de dez anos atrás. E eu só queria dar um abraço nela. Fico muito orgulhosa do quão duro eu trabalhei para chegar nesse lugar em que me sinto tão bem”.
Esta última parte da entrevista acima, concedida ao editor-chefe da People, Jess Cagle, virou capa da revista. Mesmo já estando, na época, com a carreira sólida e sendo reconhecida pelo seu talento na atuação, Hathaway, assim como tantas mulheres, sofria de sentimentos de inadequação, insegurança, nervosismo e ansiedade.
A pressão estética permeia Hollywood, redes sociais e reverbera no ambiente offline. Essa mesma pressão faz mulheres e até mesmo meninas terem relações complexas com seus corpos. É lamentável ver como a maioria das mulheres já viveu essa insegurança e a ideia de “quanto mais magra, mais bonita e mais valiosa”.