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O divórcio de Sabrina Sato e o massacre as mulheres que põem fim ao casamento

ByRenata Maia

mar 24, 2023
Foto: Reprodução

É esperado e natural desejar que o casamento seja feliz e duradouro. Que haja amor, empatia, companheirismo, romance, sonhos, planos realizados juntos, momentos de carinho e cumplicidade. Entretanto, para alguns casais, “até que a morte os separe” pode ser tempo demais e o fim do relacionamento é inevitável. Então, a expectativa do “felizes para sempre” acaba.

Segundo pesquisas recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de divórcios no Brasil atingiu o record de quase 390 mil casos e o tempo de duração dos casamentos caiu de 16 para 13 anos. Já o número de casamentos teve a maior queda apresentada, desde os anos 1970, é o que diz estudos divulgados pela Estatística do Registro Civil por meio do IBGE.

Fruto de uma emenda constitucional proposta pelo Senado, a Lei do Divórcio (Lei 6.515/1977) chegou ao país em 1977 e foi responsável por profundas mudanças sociais no Brasil. Até esta data, o casamento era indissolúvel. Com isso, aos casais insatisfeitos com a relação a única alternativa era o desquite – que colocava um fim na vida a dois, com a separação de corpos e de bens, mas não findava o vínculo matrimonial. Assim, o Brasil foi um dos últimos países do mundo a instituir a lei do divórcio.

Antes de 1977, a mulher que resolvia por um fim ao casamento era chamada de desquitada e tinha que acostumar-se com os olhares maldosos e dedos apontados. A terminologia “desquitada” vinha acompanhada de muitos preconceitos e rótulos pejorativos que eram estendidos também aos filhos. Quase como uma forma de descrever uma “casta” inferior. Época em que a mulher era ensinada a adaptar-se as condições da relação – fossem boas ou não – em nome da moral e dos bons costumes, o homem livrava-se do peso do preconceito e dos rótulos, como acontece até hoje.

Hoje, meados de 2023, 46 anos após a chegada da Lei do Divórcio no país, a culpa pelo fim do casamento, na maioria das vezes, ainda recai sobre a mulher. Essa semana, a apresentadora Sabrina Sato anunciou em seu perfil no Instagram o fim do casamento com ator Duda Nagle. Nos comentários da postagem, algumas palavras de consolo e carinho e também uma enxurrada de críticas e acusações a Sabrina. “A família já não é prioridade”, “(…) a família em segundo lugar” e “Dinheiro e fama são a prioridade” são algumas das declarações dos famosos “fiscais da vida alheia”.

Já no perfil de Duda Nagle, pouquíssimas acusações de negligência com a família ou censura por dedicar-se também a vida profissional. Pelo contrário, dessa vez, a enxurrada foi de comentários desejando força para superar o fim do relacionamento e, como já era de se esperar, ataques a ex-esposa. “(…) Ela não te respeita”, “Tá na cara que ela não prioriza a família”, “(…) Ele aguentou muito”.

Então, aquele questionamento que não quer calar: quem, de fato, melhor que o marido e a esposa, sabe o que se passa na intimidade de um casamento? O que mostram em redes sociais é apenas um mísero recorte da realidade vivida pelo casal em seu dia-a-dia, em sua intimidade. Uma gota em um oceano. E por que, como há anos, a mulher sempre é responsável por não levar nas costas um casamento fracassado?

E o que acontece depois que o casamento acaba? Dentro da realidade social brasileira, a mulher, muitas vezes, passa a ser a única provedora e responsável pelos cuidados e pelo sustento dos filhos, que ficam órfãos de pais vivos.

Quantas “Sabrinas” anônimas sofrem todos os dias por serem obrigadas a permanecer em um relacionamento infeliz por que foram ensinadas que a mulher tudo suporta em nome da família? Pior, quantas permanecem por não terem apoio para partir.

By Renata Maia

Jornalista, assessora de imprensa, mestre em marketing e mãe. Não necessariamente nessa ordem. Vivendo as dores e delícias de ser mulher em tempos atuais. Despindo-se e vestindo de novo a própria alma com força, louvor e alegria. Ser mulher é reinventar-se. Vamos juntas!

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